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Deutsche Bourse anuncia mega-acordo com NYSE Euronext

Por ED TAYLOR E JONATHAN S
Atualização:

A Deutsche Bourse irá comprar a NYSE Euronext para criar a maior operadora de bolsas do mundo em um negócio estimado em 10,2 bilhões de dólares, mas as empresas foram evasivas sobre questões que podem ameaçar a transação. Embora os acionistas da bolsa alemã controlem 60 por cento do grupo combinado e tenham 10 dos 17 assentos no Conselho, há desconfiança na Alemanha de que a NYSE é quem dará as cartas. Por outro lado, há temores de que a New York Stock Exchange perca sua influência e independência. A tensão pode levantar obstáculos à aprovação regulatória ao acordo, que atribui um valor de 39 dólares por ação ao ícone do capitalismo norte-americano de dois séculos. Ainda não há nome para a nova empresa. O presidente-executivo da NYSE Euronext, Duncan Niederauer, que terá a mesma função no grupo combinado, disse que as negociações continuam para encontrar um nome que atenue as preocupações políticas dos dois lados do Atlântico. Niederauer reconheceu em entrevista coletiva que o nome da nova companhia será uma "decisão emotiva" para todos os envolvidos e disse que espera apresentar ao Conselho algumas alternativas em um ou dois meses. Reto Francioni, presidente-executivo da Deutsche Bourse, ficará com o cargo de chairman do novo grupo. Ele disse que a união das bolsas "reconfigura toda nossa indústria" e vai fortalecer o papel das bolsas de Nova York e de Frankfurt no mundo financeiro. O senador norte-americano Charles Schumer, que primeiro levantou a preocupação com o nome da empresa combinada no fim de semana, tem insistido que a NYSE deveria aparecer na frente do nome da nova bolsa, que terá sede em Nova York e Frankfurt. O acordo de fusão cria uma bolsa de valores com mais de 20 trilhões de dólares em volume anual de negócios e operações na Alemanha, na França, na Inglaterra, na Holanda, em Portugal, na Bélgica e nos Estados Unidos. Pelos termos do acordo, cada ação da NYSE Euronext será substituída por 0,47 ação da nova companhia, enquanto os papéis da Deutsche Boerse serão trocados na base de um para um, informaram as bolsas em comunicado. Uma fonte familiar ao processo disse que 55 por cento dos acionistas da nova companhia serão dos Estados Unidos, com 11 por cento da Alemanha, 11 por cento da Grã-Bretanha e 23 por cento do resto do mundo. As operadoras de bolsa enfrentam intensa competição em seus negócios tradicionais com o advento de novas plataformas eletrônicas ultrarrápidas. A NYSE Euronext e outras operadoras têm respondido a isso com pesados investimentos em tecnologia e se expandindo para os negócios mais lucrativos de derivativos. Juntas, a unidade Eurex da Deutsche Boerse e a londrina Liffe da NYSE Euronext terão domínio sobre as negociações de contratos futuros na Europa, com participação de mercado acima de 90 por cento, levantando questões antitruste entre reguladores do mercado. Depois de alguns anos de fraca atividade de fusões e aquisições entre bolsas de valores, as maiores operadoras do mundo estão retomando a consolidação da indústria. A bolsa de Cingapura fez oferta pela australiana ASX no fim do ano passado. Na última semana, a London Stock Exchange (LSE) anunciou que vai comprar o canadense TMX Group --horas antes de a Deutsche Boerse e a NYSE Euronext terem revelado que estavam em negociação avançada para união. As preocupações sobre a onda de consolidação foram vistas na Ásia na terça-feira. A bolsa de Cingapura adaptou sua oferta de 7,9 bilhões de dólares pela ASX para permitir mais australianos no conselho da empresa combinada, em uma tentativa de convencer políticos da Austrália. O nacionalismo tem sido um dos principais desafios para garantir a conclusão da união de operadoras de bolsa. As plataformas de negociação de ações e derivativos são com frequência vistas como um símbolo nacional e importantes na atração de negócios e capital. (Reportagem adicional de Philipp Halstrick, Ed Taylor, Paritosh Bansal, Adrian Bathgate, Saeed Azhar, Luke Jeffs e Narayanan Somasundaram)

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