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Dilma cobra aceleração no ritmo de investimentos

Ministérios afetados pela 'faxina' presidencial são os mais atrasados na execução de obras

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

A luz vermelha acendeu de vez para o ritmo de execução dos investimentos do governo federal e já causa grande mal-estar na Esplanada dos Ministérios. A presidente Dilma Rousseff tem manifestado insatisfação com a velocidade dos investimentos no primeiro ano de governo.

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Ela cobrou uma aceleração do ritmo de pagamento das despesas de investimentos no fim do segundo semestre, mas faltando apenas três meses para terminar 2011 dificilmente o governo conseguirá recuperar o atraso.

O problema é que o governo enfrenta dificuldades para gastar. A máquina administrativa ainda está emperrada, principalmente nos ministérios afetados pela "faxina" da presidente. Segundo fontes da área econômica, muitos ministérios têm dinheiro em caixa, mas não conseguem tocar os investimentos.

É no Ministério dos Transportes onde estão os maiores problemas. Como a pasta tem peso importante no total de investimentos (com estradas e ferrovias), a troca de comando praticamente paralisou as obras. Mas há problemas também em outras áreas, como nos Ministérios das Cidades, Integração Nacional e na Educação, segundo informam os técnicos.

A lentidão afeta sobretudo investimentos que não fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para eles, o Tesouro libera os recursos e cabe ao gestor de cada ministério direcionar o dinheiro, que pode ir para investimentos ou para outras despesas de custeio. E é aí que reside a bronca da presidente, pois é nessas verbas que se concentra a paralisia.

De janeiro a julho, o volume de recursos desembolsados para quitar investimentos está 2,4% menor do que o do mesmo período de 2010. Os dados relativos ao mês de agosto serão divulgados nesta quinta-feira, 29, pelo Tesouro. Eles deverão mostrar alguma reação dos investimentos, mas não na intensidade necessária para mudar o quadro e o humor da presidente.

A inquietação é tanta que o secretário do Tesouro, Arno Augustin, até mudou o tom de seu discurso. Normalmente confiante, ele colocou o dedo na ferida em entrevista ao Estado na semana passada, ao afirmar pela primeira vez que está preocupado com a velocidade dos investimentos. "O ritmo não é ideal", advertiu, em clara repreensão aos gestores da Esplanada.

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Além das dificuldades gerenciais, o desempenho mais fraco dos investimentos é explicado por um efeito estatístico. Em 2010, o governo pagou no início do ano uma parcela pesada de recursos para a fabricação do submarino nuclear da Marinha Brasileira, o que não se repetiu esse ano. Por isso, a comparação se mostra desfavorável para 2011.

Aperto fiscal. As dificuldades no dia a dia da Esplanada se chocam com as análises mais difundidas no mercado financeiro, pelas quais o pé no freio no investimento decorre da decisão de política econômica de fazer um aperto fiscal maior em 2011. Há, de fato, uma decisão de reforçar a política fiscal. Mas a execução do plano é imensamente facilitada pela dificuldade em gastar e, principalmente, pelo desempenho da arrecadação, que tem surpreendido a cada mês.

Nos cálculos feitos para garantir os R$ 10 bilhões a mais de superávit primário (economia para pagamento da dívida) que o governo prometeu fazer este ano, o governo já levou em consideração o pagamento de grande parte dos cerca de R$ 34 bilhões previstos no PAC e no programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo apurou o Estado, há espaço fiscal para o aumento dos investimentos sem afetar o compromisso com o cumprimento da meta.

O governo também está tendo de lidar com outro problema: a aceleração dos gastos com o pagamento de subsídios do programa Minha Casa, Minha Vida. Embora o programa esteja incluído no PAC, as despesas com os subsídios para construção das moradias são contabilizadas como custeio e não investimento. Por isso, o governo estuda alterar essa forma de contabilidade.

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