
19 de outubro de 2011 | 15h29
MOÇAMBIQUE - A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta quarta-feira, 19, a presença do governo nas orientações sobre investimentos e decisões estratégicas e essenciais para os países. "Achamos que a presença do governo nas decisões de orientações estratégicas é essencial porque quem sabe para onde e quem tem legitimidade de dizer para onde um país vai é o governo eleito democraticamente pelo povo de seu país", disse a presidente Dilma em discurso ao lado do presidente de Moçambique, Armando Guebuza.
O discurso de Dilma foi feito depois de ela participar de uma longa reunião com 10 empresários que estão investindo em Moçambique e em Angola. Nesta reunião, a presidente chamou a atenção dos empresários para a necessidade de eles não agirem nos países onde eles estão investindo como imperialistas. Ela advertiu que não é possível, por exemplo, se construir uma linha de transmissão de 1.400 quilômetros de distância para levar energia de Moçambique para a África do Sul sem beneficiar as populações que estão nessa região e que vivem com problemas de geração de energia.
Dilma chamou a atenção da empresa Queiroz Galvão que está construindo a linha de transmissão de Moçambique para o fato de que a empresa não faça esse projeto como linha contínua, mas sim seccionada, para que possa atender as populações locais à medida que houver desenvolvimento no país, para que parte da energia possa ficar em Moçambique.
No discurso no Palácio de Governo, a presidente Dilma fez referência das conversas mantidas com os empresários e disse que é preciso fazer parcerias com o governo e que as empresas que atuarem lá naquele país façam diferente do que foi feito em outros países. "Um projeto para ser bem feito tem que ser com a população local", disse a presidente, ao defender que trabalhadores locais sejam aproveitados nas obras realizadas.
Quando estava saindo do Palácio, ao lado do presidente de Moçambique, Dilma fez um comentário para reforçar seu discurso sobre a necessidade de beneficiar a população local nos projetos de desenvolvimento: "Nós financiamos a revolução industrial inglesa com o ouro de Minas Gerais".
Ainda durante discurso no Palácio do Governo, Dilma destacou que o Brasil passou muito tempo sem crescer e que, até meados de 2003, estava vivendo uma situação difícil, que foi superada com a chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder. "Hoje somos um país que cresce, que tem se afirmado como país soberano e nós seremos para outros países o que queremos para nós. Queremos respeito, a soberania e que seja considerada outra forma de relacionamento com os outros países. Temos essa responsabilidade".
"Todos os países que de uma forma ou de outra sentiram a sua soberania, sua independência e sua democracia ameaçadas, quando têm condições, têm de fazer de forma diferente. Temos de mostrar que há outras formas de nos relacionarmos entre os iguais", disse.
A presidente, no discurso, fez questão de ressaltar que nós não queremos importar trabalhadores no Brasil e nem queremos levar engenheiros para outros países. Ela defendeu capacitação e intercâmbio entre estudantes e quer também que as empresas patrocinem a capacitação dos moçambicanos no Brasil.
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