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Dólar cai ao menor nível em 10 meses

Com novo recorde na entrada de moeda estrangeira no País – crescimento de 1.101% em comparação com agosto –, dólar fecha em 1,705

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

A operação de aumento de capital da Petrobrás leva o Brasil a novo recorde, dessa vez na atração de dólares. Dados preliminares do Banco Central mostram que US$ 14,45 bilhões entraram no País em setembro até sexta-feira, 24, em operações financeiras como a compra de ações. Mesmo sem os últimos quatro dias úteis do mês, o valor já é o maior da série iniciada em 1982.

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Analistas dizem que o montante vai crescer ainda mais, pois estrangeiros continuam a transferir dólares nesta semana, tanto que o dólar caiu quarta-feira ao menor valor em dez meses: R$ 1,705.

A capitalização da Petrobrás, a maior operação desse tipo já realizada no mundo, funcionou como verdadeiro ímã de dólares ao mercado brasileiro em setembro. Pela conta financeira, onde são registradas transferências para a compra de ações, títulos de renda fixa e outras operações, o ingresso da moeda saltou impressionantes 1.101% na comparação com agosto. É como se entrassem cerca de US$ 7 mil a cada segundo ou US$ 25 milhões a cada hora de setembro.

Mesmo sem a última semana do mês, o desempenho já deixou para trás o recorde anterior, de outubro de 2009, quando entraram US$ 13,1 bilhões. Naquele mês, a filial brasileira do banco espanhol Santander fez uma bem-sucedida oferta de ações na Bolsa de Valores de São Paulo.

Entre analistas, há expectativa de que o valor do mês pode ser ainda maior, já que as transferências de dólares para a compra de ações da Petrobrás poderiam ser feitas até segunda-feira desta semana – dia não captado pelo dado preliminar do Banco Central.

"Ainda temos todas as transferências feitas no último dia e o fluxo que continua desde então. É exatamente por essa entrada forte que o Banco Central está atuando mais agressivamente na compra de dólares", diz o analista da Tendências Consultoria Felipe Salto.

Incentivo

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Na percepção do mercado, mesmo com o fechamento da operação da Petrobrás, a entrada de dólares continua firme, principalmente porque há o entendimento de que a capitalização bem-sucedida da petrolífera deve incentivar outras empresas a lançar ações.

Essa avaliação ganha ainda mais força diante dos sinais recentes do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, de que o juro da maior economia do mundo deve continuar estável por vários meses.

Em relatório, o departamento econômico do Bradesco avalia que, sem a perspectiva de alta do juro nos EUA e com a fragilidade da recuperação nas economias maduras, "se consolida um forte apetite por investimentos e ativos" em mercados emergentes como o Brasil – o que explica o ingresso dos dólares.

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"As condições são muito favoráveis e, por isso, o País deve continuar atraindo investidores estrangeiros e seus dólares", reforça o analista da Tendências, que acredita que o dólar deve continuar em torno de R$ 1,70 porque o BC deve evitar a queda para valores muito inferiores.

Dos mais de US$ 14 bilhões que entraram no Brasil pela conta financeira em setembro até a sexta passada, o Banco Central comprou US$ 9,43 bilhões para reforçar as reservas internacionais. Isso quer dizer que a autoridade monetária adquiriu US$ 554,8 milhões a cada dia útil do mês. Entre os dias 14 e 21, o Banco Central comprou, na média, mais de US$ 1 bilhão a cada dia.

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