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Economia ainda requer política monetária acomodatícia, diz Bernanke

Em discurso à Câmara, presidente do Fed disse que taxa paga aos bancos para manter reservas no Fed pode substituir por ora taxa dos 'Fed Funds'

Por Gustavo Nicoletta (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

O presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, afirmou que a taxa paga aos bancos para manter suas reservas no banco central pode substituir por algum tempo a taxa dos Fed Funds como a principal ferramenta operacional para a política monetária, alertando, porém, que a economia norte-americana ainda requer medidas acomodatícias.

 

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Em um discurso preparado para uma audiência com o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes sobre as estratégias para abandonar as políticas de afrouxamento monetário adotadas pelo banco central durante a crise, Bernanke disse que a sequência e as ferramentas que o Fed utilizará para apertar a política monetária dependerão de como a economia vai se comportar daqui para frente.

 

O presidente do Fed também afirmou que a economia ainda precisa de políticas monetárias altamente acomodatícias por enquanto, mas que o banco central "em algum momento" precisará elevar as taxas de juro no curto prazo.

 

Bernanke disse que o Fed pretende aumentar o spread - ou a diferença - entre a taxa de desconto que cobra dos bancos para empréstimos emergenciais e a taxa dos Fed funds.

 

Para combater a crise financeira, o Fed reduziu a meta da taxa dos Fed Funds para uma faixa de zero a 0,25% em dezembro de 2008 e implementou uma série de programas para a concessão de empréstimos e para a compra de ativos, de forma a manter as taxas de juro de longo prazo num patamar baixo.

 

"É possível que o Federal Reserve possa, por algum tempo, utilizar a taxa de juros paga aos bancos pelas reservas, juntamente com metas para o volume dessas reservas, para nortear sua postura política", disse Bernanke, acrescentando, no entanto, que ainda não foi tomada qualquer decisão em relação ao assunto.

 

Atualmente, o Fed paga aos bancos uma taxa de 0,25% pelas reservas depositadas no banco central, que somam mais de US$ 1,1 trilhão.

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O aumento dos juros sobre as reservas dos bancos incentivaria as instituições financeiras a depositar dinheiro no Fed em vez de emprestar os recursos para empresas ou consumidores. Desta forma, o banco central poderia evitar um eventual superaquecimento da economia e um aumento da inflação.

 

Segundo Bernanke, a medida também deve elevar outras taxas de juro de curto prazo, entre elas a taxa dos Fed Funds, usada como referência para os empréstimos interbancários no overnight e há muito tempo utilizada como principal ferramenta pelo Fed para conduzir a economia.

 

A proposta apresentada por Bernanke já vinha sendo adotada por outras autoridades monetárias, como o Banco Central Europeu (BCE), mas é algo relativamente novo nos EUA. O Congresso deu ao Fed autoridade para implementar a medida em outubro de 2008. As informações são da Dow Jones.

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