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Economia nos EUA, competição e problemas com 'carro voador' são riscos para a Embraer

Empresa brasileira ainda precisa aumentar vendas de aviões comerciais, dizem analistas

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Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

Apesar da melhora no desempenho na Bolsa e operacional, a Embraer ainda está no início de sua recuperação. Há espaço não só para avançar no mercado acionário, como também em seus resultados. E analistas veem riscos importantes que podem atrapalhar a empresa.

“O ano passado foi o grande ponto de virada. A geração de caixa começou a sair do negativo. Achamos que a recuperação vai continuar, mas ainda tem muito para melhorar”, diz a analista Thais Cascello, do Itaú BBA.

Embraer está se recuperando, mas economia mundial está adversa Foto: Léo Souza/ Estadão

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Entre os pontos que podem avançar, a analista destaca o aumento das vendas da divisão comercial, que depende sobretudo da recuperação do segmento. Para o Itaú, a volta aos patamares pré-crise pode ocorrer no ano que vem. Isso vai permitir que os custos da empresa sejam diluídos, incrementando as margens.

Mas é nesse retorno das vendas ao nível que se tinha antes da pandemia que os analistas vêem um dos principais riscos de médio prazo. “Quando falamos de retomada da aviação comercial, assumimos um crescimento na entrega de aviões ao longo dos próximos anos. Se o cenário competitivo for mais desafiador do que esperamos, tem risco de impactar a retomada de receita e lucro, que é o que justifica hoje nossa visão positiva para a empresa”, diz o analista Lucas Laghi, da XP.

Concorrência

Laghi também aponta que, no segmento de aviões de 100 a 150 lugares, o E195 da Embraer disputa mercado com o A220 da Airbus. O modelo da fabricante europeia foi adquirido da canandense Bombardier em 2017 e pode ser bastante competitivo, dificultando a vida da Embraer. 

“A Airbus pode oferecer uma solução de venda que combine seu principal produto, o A320 (para 200 passageiros), com o A220. Isso traz mais escala e competitividade para a Airbus”, diz Laghi. Um cenário mais competitivo pode resultar em descontos maiores para atrair os clientes, reduzindo as margens da fabricante brasileira. 

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Outro fator preocupante para o analista da XP é o cenário econômico americano. Com o aumento da taxa de juros que o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) deve promover neste ano, a tendência é que a economia do país desacelere. A Embraer tem nos EUA seu maior mercado, e estaria bastante exposta a esse cenário. O presidente da companhia, Francisco Gomes Neto, no entanto, afirma ver “boas perspectivas” na retomada da aviação regional americana.

Já a analista do Itaú BBA destaca que o desenvolvimento do “carro voador” não só pela Embraer, mas também por suas concorrentes, poderá ameaçar o valor da companhia na Bolsa. “Se uma empresa não entregar o que promete ou não conseguir certificação, isso pode ter uma leitura negativa para a Embraer também, por mais que a situação dela seja diferente. Tudo envolvendo eVTOL (sigla em inglês para veículo elétrico de pouso e decolagem vertical, como é chamada oficialmente o “carro voador”) estará no radar.”

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