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Em leilão, Cosan paga R$ 927 mi por empresa de gás do Rio Grande do Sul

Sem nenhuma concorrência, grupo comprou a participação de 51% do governo do Rio Grande do Sul na Sulgás; para especialistas, instabilidade política do País pode ter prejudicado o leilão

Por Wilian Miron
Atualização:

Em leilão sem concorrência, a Compass, subsidiária do Grupo Cosan, comprou a participação de 51% do governo do Rio Grande do Sul na Sulgás, pelo lance mínimo de R$ 927,79 milhões.

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Com a aquisição, a Compass passa a administrar uma empresa com 64,643 mil clientes, e presença em 42 municípios do Rio Grande do Sul, por meio de uma malha de 1,324 mil quilômetros de dutos.

Das cidades atendidas, 27 recebem a molécula por meio da rede canalizada, enquanto outras 15 são atendidas com Gás Natural Comprimido (GNC). Em 2020, a empresa distribuiu 1,983 metros cúbicos por dia (m³/d) de gás.

Compass arrematou parte da Sulgás pelo lance mínimo de R$ 927,79 milhões. Foto: Sulgás - 16/8/2018

A Sulgás recebe insumo da Bolívia, do pré-sal e Gás Natural Liquefeito (GNL) de várias localidades. Além disso, por uma questão de proximidade geográfica, existe a possibilidade de negociar gás da Argentina.

No mercado, especulava-se que a Ultrapar e a New Fortress também teriam interesse em disputar a Sulgás no leilão. As duas, além da Compass, também são consideradas potenciais compradoras para a Companhia de Gás do Espírito Santos (ES Gás) – cuja privatização está prevista para o início de 2022. 

Desinteresse

A Sulgás é considerada atrativa por estar em um Estado em que há grande concentração de indústrias, que são potenciais compradoras da molécula. Por isso, no mercado essa privatização era vista como um teste para outras privatizações de concessionárias estaduais de gás natural, que devem ocorrer nos próximos meses. 

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Especialistas consultados pelo Estadão/Broadcast afirmam que a falta de competição no leilão pode ser resultado do momento de instabilidade política e macroeconômica pela qual o Brasil passa, incertezas que persistem sobre a abertura do mercado de gás natural, e devido à possibilidade de competição com a subsidiária da Cosan, que já administra a Comgás no Estado de São Paulo, e tem grande capacidade econômica e gerencial para disputar o ativo.

"É uma pena por um lado, mas a privatização aconteceu e isso deve ser comemorado, porque ela permite o avanço do plano desenvolvido pelo governo do Estado", comentou o presidente da Gás Energy, Rivaldo Moreira Neto.

Para Neto, a falta de competidores no leilão pode abrir espaço para que outros modelos de privatização sejam adotados nas demais concessionárias que devem ser colocados ao mercado, inclusive com a possibilidade de que os governos optem por uma abertura de capital na Bolsa para diluir sua participação e permitir a desestatização das empresas.

"O que aconteceu hoje pode incentivar privatização via mercado de capitais que pode pulverizar o capital e criar incentivos para a venda. Mas, neste momento o negócio é torcer para que o ambiente político e econômico não piore a ponto de inviabilizar as privatizações, que são relevantes.

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Na avaliação do analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, os investidores ainda têm dúvidas em relação a questões regulatórias da abertura do mercado de gás natural no País. "Acho que falta uma questão de definição maior e de entendimento para que haja destravamento de investimentos no setor", comentou.

Durante o leilão, o diretor de concessões e privatizações do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fábio Abrahão, disse que a falta de múltiplos competidores no certame é decorrente do momento do setor, que há mais de 20 anos não faz privatizações. "Estamos bem no começo, vendo o renascimento ou o nascimento do setor", disse.

Perfil da Sulgás em números:

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  • 64,6 mil é o número de clientes atendidos hoje pela Sulgás, cujo controle foi vendido em leilão para a Compass. 
  • 1,3 mil km é a malha de dutos da Sulgás para a distribuição do produto a 42 municípios do Rio Grande do Sul.

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