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Entenda as novas propostas de ajuda financeira para a zona do euro

Plano que está sendo elaborado busca restaurar a confiança no sistema financeiro e nos atores políticos, além de evitar a moratória grega

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Por Redação
Atualização:

 Líderes de todo o mundo têm tentado organizar um plano que seja capaz de enfrentar, de uma vez por todas, a crise da dívida na zona do euro. A atuação dos governos tem sido alvo de amplas críticas, por ser considerada lenta demais diante da gravidade da situação e por ter sido, até agora, mais fundamentada em palavras do que em medidas concretas.

Entenda os perigos que ameaçam as economias europeias e o que tem sido feito para combatê-los.

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Por que existe a necessidade de mais ações para combater a crise?

Pacotes de ajuda financeira foram fechados para Grécia, Irlanda e Portugal (no caso grego, foram dois pacotes), mas os mercados financeiros continuaram em turbulência.

O motivo é simples. Apesar das dezenas de bilhões de euros injetados nesses países, além dos duros cortes de gastos adotados por diversas nações endividadas, investidores ainda acreditam que as dívidas permanecem altas na zona do euro.

Há temores de que a moratória da Grécia seja inevitável e de que Itália e Espanha - países grandes demais para ser resgatados nas condições atuais - também sejam mais duramente afetadas por seu alto endividamento.

Investidores também temem que os bancos não tenham reserva monetária suficiente para suportar calotes de seus devedores, e pedem que ações sejam tomadas para restaurar a confiança nos bancos, de forma a acalmar os mercados financeiros.

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O que prevê o plano mais recente?

Há três grandes linhas que, acredita-se, devem guiar o próximo plano de ação:

1) A Grécia supostamente seria autorizada a pagar uma quantia menor do que a que realmente deve. Isso significa que credores terão de descontar parte do dinheiro que têm a receber. Propostas surgidas em julho sugeriam descontos de cerca de 20% na dívida, mas agora a previsão é de cortes de até 50%.

Até esta segunda-feira, no entanto, a Grécia negava planos de um calote parcial. O ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, negou que o recente encontro do FMI em Washington, no fim de semana, tivesse discutido uma moratória ordenada grega.

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2) O Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês), mecanismo usado pelo bloco para efetuar resgates, seria bastante incrementado - passando de 440 bilhões de euros para cerca de 2 trilhões de euros. Esse seria o montante que a instituição poderia levantar por meio da emissão de títulos.

A medida vinha sendo requisitada há meses e é considerada vantajosa, pois permitiria que o fundo obtivesse dinheiro nos mercados financeiros - em vez de fazê-lo por meio de impostos - para financiar países e bancos endividados.

3) O plano também prevê o fortalecimento de grandes bancos europeus que possam ser atingidos por eventuais moratórias de dívidas de países. Existe a percepção de que muitos bancos não têm caixa suficiente para cobrir perdas dessa magnitude.

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Qual o possível impacto do plano?

A redução parcial da dívida grega, caso confirmada, diminuiria as possibilidades de que Atenas tenha de declarar a moratória do montante que tem a pagar.

Ao mesmo tempo, o fortalecimento do EFSF para o caso de calotes ou da necessidade de novos pacotes de resgate a nações endividadas é considerado forte o suficiente para impedir que o problema saia do controle.

Já a previsão de mais capital para bancos expostos às dívidas soberanas pretende permitir que eles cubram as perdas derivadas de um eventual calote, além de dar mais confiança ao setor financeiro.

Isso também significa que os bancos poderão seguir emprestando dinheiro, permitindo que empresas obtenham linhas de crédito e ajudem no crescimento econômico - um ponto considerado chave para resolver a crise no longo prazo.

Se as economias crescerem a passos mais rápidos, podem obter recursos para reduzir seus deficits e pagar suas dívidas. Por fim, o objetivo do plano é restaurar a confiança não apenas no sistema financeiro, mas na capacidade dos governantes em responder à crise.

Quando o plano será levado a cabo?

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O pacote de medidas, que ainda está sendo elaborado, deverá ser revelado em detalhes dentro de cinco ou seis semanas.

Todas as atenções estarão voltadas ao próximo grande encontro do G20 (que reúne países ricos e emergentes), em Cannes (França), no início de novembro.

Previsões indicam que o plano pode funcionar, pelo menos no que diz respeito a restaurar a confiança dos mercados. Embora poucos detalhes sejam conhecidos, as bolsas na Europa subiram nesta segunda-feira, puxadas pelas ações de bancos.

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