A falta de chips, que provocou paralisações na indústria automobilística nos últimos meses e afeta agora os cartões de crédito, já causa problemas para o mercado de celulares, que também depende de componentes importados.
O líder de uma associação do setor de telecomunicações relatou que as operadoras passaram a se deparar com situações em que não recebem integralmente encomendas de aparelhos e acessórios. “Muitas vezes se entrega 80% do que foi pedido, mas já vi casos de até 50%”, diz a fonte, que preferiu não se identificar.
A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) já percebeu a dificuldade das fabricantes locais de adquirir componentes. Segundo o levantamento mais recente, 25% das empresas relataram esse tipo de problema em agosto, contra 16% em julho.
Além de componentes eletrônicos, foram identificadas faltas de outras matérias-primas como cobre, aço, carbono e alumínio. O presidente da Abinee, Humberto Barbato, explica que a falta de insumos está relacionada às oscilações na oferta e na demanda na pandemia. À medida que setores que sofreram mais – como o automotivo – retomam a produção, outras indústrias são afetadas pela escassez de chips.
Até o momento, porém, a falta dos componentes não se traduziu em um desabastecimento de celulares. “No cenário atual, dificilmente isso vai ser sentido pelos consumidores”, diz o gerente de pesquisa da IDC, Reinaldo Sakis.
Ele acrescenta que a falta de alguns aparelhos só não está ocorrendo porque os consumidores estão retraídos por conta dos problemas econômicos do País, como a escalada inflacionária, que deve deixar até a Black Friday mais tímida.
Claro, Oi, TIM e Vivo não responderam se têm sentido algum tipo de desabastecimento e encaminharam o tema à Conexis, seu sindicato, que disse estar acompanhando o caso e tomando medidas como a antecipação de pedidos.