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Entressafra de milho mais apertada deve trazer preços recordes

Por ROBERTO SAMORA
Atualização:

Uma conjunção de fatores fará da atual entressafra de milho no Brasil uma das mais apertadas, e os preços devem fechar novembro em níveis recordes no principal Estado produtor, o Paraná, segundo analistas. Exportações recordes de milho registradas em 2007, que devem fechar o ano em torno de 11 milhões de toneladas, um bom volume de vendas externas já contratadas para o início de 2008 e uma demanda interna explosiva se somam a um esperado atraso na colheita da safra de verão como fatores altistas da estressafra, deixando compradores preocupados. A safra de verão 2007/08 deve ser colhida com atraso em função de um plantio mais tardio, influenciado pela falta de chuva no início da semeadura, em setembro, especialmente no Paraná. "O quadro está mais apertado este ano, e tem o atraso de plantio de milho. A colheita que estaria entrando entre janeiro e fevereiro vai entrar entre fevereiro e março, isso gera um pouco de incerteza no mercado", afirmou o analista da Agroconsult André Debastiani, por telefone. "A indústria está vendo isso e está comprando mais... e aquele que tem o produto segura para conseguir preços melhores", acresentou ele, lembrando que este ano houve também exportações maiores --que mais que dobraram o volume de 2006-- que "tiraram boa parte do milho do mercado". Além das exportações, houve um forte crescimento anual da produção de aves e suínos, de 9 e 6 por cento, respectivamente, segundo a Agroconsult --o Brasil destina a maior parte de sua produção de 51 milhões de toneladas de milho para suas indústrias de carnes. O resultado dessa maior demanda interna e externa é que, desde o final da colheita da segunda safra, em setembro, os preços no Paraná pagos ao produtor já subiram 22 por cento, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural do Paraná). "A média de preços está em 23 reais (saca de 60 kg), mas tem negócios a 25, não está muito longe dos 30 que estão falando para o pico da entressafra", disse Margorete Demarchi, analista do Deral, referindo-se ao valor registrado na sexta-feira. O recorde do preço médio mensal foi registrado pelo Deral em novembro de 2002 (22,28 reais a saca). "Possivelmente, (o preço médio de novembro de 2007) vai ficar em torno disso e talvez superar", disse. TRANSIÇÃO ÁRDUA "Esse volume recorde de exportação veio para ficar, é um novo mercado, o milho ganhou status de commodity, a exportação estruturou o mercado", disse o analista da Agência Rural Fernando Muraro, para quem a indústria do Brasil atravessa uma "transição árdua". "Aquele que deixou para comprar na última hora encontra dificuldade, quem tem milho não está vendendo", afirmou Muraro, descartando que o atraso da primeira safra venha a prejudicar a o plantio da segunda. "Na minha opinião deve ser recorde (o plantio da safrinha)". Muraro disse ainda considerar improvável importações de milho para compensar um eventual déficit no período da entressafra. "Vai importar de quem?", disse ele, observando que a oferta global está apertada e que as importações fora do Mercosul pagam taxas elevadas. Segundo ele, é mais provável que as indústrias utilizem insumos substitutos, como sorgo e trigo de baixa qualidade. Há ainda barreiras no Brasil à importação de milho transgênico, um produto que predonina na Argentina, que seria uma eventual origem. (Edição de Marcelo Teixeira)

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