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ENTREVISTA-Indústria de etanol do Brasil pede corte de impostos

Por DAVID BROUGH
Atualização:

Os impostos sobre o setor de etanol do Brasil deveriam ser reduzidos para tornar o biocombustível mais competitivo em relação à gasolina para o motorista brasileiro, disse o diretor-presidente da Unica, a associação da indústria de cana do centro-sul, Marcos Jank, nesta quinta-feira. Jank, que anunciou nesta semana que deixará a presidência da entidade , disse à Reuters que a indústria do etanol no Brasil enfrenta margens baixas, que têm desestimulando novos investimentos. A Unica quer ver melhores incentivos para a indústria brasileira para produção de etanol, de modo que as margens possam melhorar. "A única maneira de fazer isso é uma menor tributação do etanol em relação à gasolina", disse Jank, em entrevista em Londres durante visita para participar de conferência sobre a agricultura sustentável do Brasil. A cana-de-açúcar no Brasil, maior produtor e exportador de açúcar do mundo, pode ser alocada pelas usinas para produzir açúcar ou etanol, dependendo do preço. O etanol é taxado em um nível relativamente mais elevado do que a gasolina no Brasil, considerando que a energia gerada pelo etanol é inferior à gasolina, disse Jank, acrescentando que é tributado tanto pelo governo federal quanto pelo estadual. O imposto sobre o etanol varia de Estado para Estado. A Unica quer cortes nos impostos federais de etanol, a fim de torná-lo mais competitivo com a gasolina no Brasil. "O etanol perdeu a competitividade com relação à gasolina, e há uma equação econômica que precisa ser resolvida", disse ele. "Se resolvermos isso, os investimentos virão. Precisamos de novos investimentos. Precisamos de novas usinas." Jank disse não esperar que as autoridades brasileiras alterem o preço da gasolina no curto prazo, mas disse que gostaria de ver maior transparência na fixação dos preços da gasolina no médio e longo prazo, usando talvez uma fórmula vinculada ao preço do petróleo. NECESSIDADE DE INVESTIMENTO A baixa safra de cana no Brasil na temporada 2011/12, devido a uma combinação de canaviais envelhecidos e clima adverso, significa que as usinas não foram capazes de esmagar a cana a plena capacidade. Jank disse que a indústria da cana precisa fazer investimentos em variedades de cana mais produtivas e aumento da mecanização para reduzir o custo de produção do açúcar. O açúcar brasileiro e os custos de produção de etanol subiram devido à elevação do preço da terra e aos custos trabalhistas, enquanto a economia cresce e o real está forte. Jank não deu uma estimativa para os custos brasileiros de produção de açúcar, que varia de usina para usina, mas disse que os gastos elevados têm sido um fator de elevação dos preços globais de açúcar. Ele não quis estimar a produção de cana 2012/2013 do centro-sul do Brasil, que sofreu com o tempo seco prolongado, dizendo que ainda era muito cedo para fazer previsões precisas. Diversos analistas da indústria disseram que a região centro-sul deverá produzir mais em 2012/13 do que as cerca de 490 milhões de toneladas observadas em 2011/12. Conversas do mercado de que a produção em 2012/13 pode ficar abaixo do esperado contribuíram para um rali nos preços do açúcar bruto, a máxima de três semanas no início deste mês. Jank disse que a renovação de canaviais estava pegando ritmo no Brasil, prognosticando uma maior produção no futuro. "O ritmo de renovação da cana voltou a níveis mais normais", disse ele.

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