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ENTREVISTA-Preço baixo da cana pode afetar produtividade

Por INAÊ RIVERAS
Atualização:

Os baixos preços da cana-de-açúcar podem afetar a produtividade da safra 2008/09 do centro-sul do Brasil, já que muitos produtores reduziram a aplicação de insumos agrícolas como fertilizantes, afirmou na sexta-feira a associação de produtores Orplana. Uma queda nos preços do açúcar e do álcool durante 2007 pressionaram as cotações da cana, para uma média de 35 reais por tonelada em 2007/08, ante 52 reais na média na temporada anterior, quando os preços internacionais do açúcar estavam perto do maior patamar em 25 anos. "Na média geral, houve menos adubação... controle de ervas daninhas, herbicidas.... então provavelmente ano que vem devemos ter um pouco de complicação em produtividade por falta de investimento", disse o presidente da Orplana, Ismael Perina Jr. "Regiões mais tradicionais, mais consolidadas e acostumadas a altos e baixos, não afeta muito --algumas financiam produção com cooperativas. Numa região pioneira, é um pouco diferente", disse ele à Reuters por telefone. Consultorias do setor de cana, como a Datagro, já tinham dito que as produtividades em 2008/09 poderiam ser reduzidas pelo uso de menos fertilizantes em 2007. Perina afirmou que esta temporada "tem sido difícil" para os fornecedores independentes de cana, que respondem por 25 por cento da produção de cana do Centro-Sul brasileiro. O restante da área plantada pertence a usinas ou é arrendada por essas empresas. O preço médio da cana em 2007 ficou abaixo dos custos de produção, de cerca de 43-44 reais por tonelada no Estado de São Paulo, que planta cerca de 65 por cento da safra nacional, disse ele. Mas Perina afirmou que o recente rali nos preços internacionais de açúcar, que atingiram o maior patamar em um ano nesta semana em Nova York, sugere melhores perspectivas para 2008. "Os preços do álcool ainda têm que melhorar, mas o importante é que o consumo está alto. A expectativa de sobra no final da temporada de moagem não existe mais. E a tendência de preço também não é de ser tão deprimido (em 2008)", disse ele. A demanda por álcool no Brasil foi recorde em 2007 e deve crescer cerca de 20 por cento neste ano, impulsionada pela crescente frota de carros flex e os preços atrativos em relação à gasolina nos postos.

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