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ESPECIAL-Demanda de empresa por crédito sobe no início de 2010

Por ALUÍSIO ALVES
Atualização:

Diferentemente do que ocorreu no ano passado, vem do setor corporativo e não do crédito ao consumo a maior fonte de demanda por financiamentos no Brasil início de 2010. Segundo alguns dos maiores bancos do país, a necessidade de capital de giro e a retomada de projetos que estavam congelados devido à crise fizeram o volume de pedidos de recursos dispararem. Contribuem para essa virada projetos ligados direta ou indiretamente a eventos de grande porte, como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, obras de infraestrutura nos setores elétrico e de transportes, e a necessidade de segmentos em elevado nível de atividade, como construção civil, ou relacionado à indústria do pré-sal. Os bancos públicos, cuja fatia no sistema financeiro nacional cresceu de 36,3 por cento para 41,4 por cento do mercado em 2009 em meio à postura mais cautelosa dos concorrentes privados, dão os sinais mais animadores. "O volume de pedidos de empréstimos para empresas em análise subiu 50 por cento em relação à media mensal de 2009, para quase 14 bilhões de reais", disse Walter Malieni, diretor de crédito do BB, referindo-se ao início de 2010. A intensidade dos pedidos de financiamento das empresas fizeram a Caixa Econômica Federal deixar de emprestar recursos para empresas apenas para capital de giro e alçar voos mais altos. O plano da Caixa é captar já em março 3 bilhões de reais com prazo de oito anos em letras financeiras, instrumento para os bancos captarem com horizontes mais longos que deve ser regulamentado ainda este mês pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). "Queremos ter financiamento de longo prazo para investimentos", disse em recente entrevista à Reuters o vice-presidente de Finanças da Caixa, Marcio Percival, adiantando que, pelo mesmo motivo, a instituição vai acessar o mercado internacional com uma emissão de bônus pela primeira vez este ano. Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a demanda de crédito para compra de máquinas e equipamentos, termômetro maior do ritmo de investimentos que já vinha se aquecendo no final de 2009, ganhou ainda mais força em janeiro. "E o volume de desembolsos concedidos no mês passado também foi bastante superior", informou a assessoria de imprensa do banco de fomento, sem revelar cifras. Ponta de lança da ofensiva governamental para tentar debelar os efeitos da crise com farta oferta de crédito, o BNDES fechou 2009 com um recorde de 137,4 bilhões de reais em financiamentos, um crescimento de 49 por cento sobre 2008. Nos bancos privados, embora esteja sendo percebido com tonalidade menos vibrante, o movimento é inconfundível, o que fará a carteira de crédito crescer agora de forma mais equilibrada que em 2009, quando as operações de financiamento ao consumo foram o grande destaque. "O crédito à pessoa jurídica vai crescer mais do que o de pessoa física em 2010", disse o diretor da área de Corporate do Santander, Carlos Leibowicz. Segundo ele, um primeiro movimento nesse sentido já foi percebido com o reaquecimento das operações de capital de giro. Para o Bradesco, que viu sua carteira de grandes empresas encolher 0,6 por cento em 2009, enquanto as operações totais avançaram 6,8 por cento, a expectativa de crescimento de até 6 por cento do PIB brasileiro neste ano reativou o ânimo das empresas. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, acredita que esse cenário tende a ampliar a fatia das operações de crédito a pessoas jurídicas no balanço do banco. "O cenário virtuoso da economia está voltando", disse Trabuco a jornalistas na semana passada, ao comentar os resultados do banco no quarto trimestre.

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