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EUA vão testar veículo que dirige sozinho para transporte de flores

Carros autônomos podem ser solução para Miami, que recebe quase 75% das flores vendidas nos EUA e tem um dos piores trânsitos do país

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Por Redação
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Entre numa floricultura americana e respire fundo: sob o pesado aroma das pétalas e do pólen, talvez você sinta o odor de combustível de avião. Quase três quartos de todas as flores vendidas nos Estados Unidos passaram pelo Aeroporto Internacional de Miami, na Flórida. Costumam chegar vindas das Américas Central e do Sul, ao lado de caixas e mais caixas de frutas estrangeiras, legumes e frutos do mar. Na verdade, mais de 70% das importações aéreas perecíveis aterrissam lá.

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Uma vez que os botões resfriados chegam em Miami, eles passam por inspeção, fumigação e separação, sendo carregados em caminhões para o transporte até o distrito de armazéns da cidade, a 16 quilômetros dali. Atualmente, 35 transportadoras trabalham 24 horas por dia e acumulam mais de 200 mil viagens de ida e volta por ano. Os gargalos e atrasos que causam a degradação dos ramos podem custar milhões a esta indústria de quase US$ 1 bilhão, para não falar no prejuízo dos amigos enfermos e amantes a quem restam as flores murchas.

Um dos problemas é o trânsito de Miami, que está entre os piores do país. Tanner Martin, do Escritório de Planejamento de Sistemas do Departamento de Transportes da Flórida (FDOT), diz que sua jornada chegou às vezes à velocidade média de 11 quilômetros por hora. O FDOT está no processo de construir um viaduto de US$ 60 milhões cortando parte do caminho, o que deve poupar algum tempo do percurso. Mas mudanças maiores devem chegar em breve.

Em 2012 a Flórida se tornou o segundo estado americano a dar as boas-vindas aos veículos autônomos às suas estradas (até o momento, somente quatro estados e o distrito federal aprovaram legislação do tipo). Martin e seus colegas reconhecem que é apenas questão de tempo até que a infraestrutura do estado e seus moldes legais tenham que acomodar esses veículos. Mas, por enquanto, Martin diz que os impactos operacionais e políticas para lidar com eles são "difíceis de prever".

A visão dele de caminhões autônomos transportando buquês do avião até o armazém em rápida sequência, evitando os pedestres, carros e outros veículos autônomos, ao mesmo tempo se comunicando constantemente com as chamadas estradas inteligentes (repletas de sensores, capazes de alterar o tempo dos semáforos, o número e o sentido das pistas conforme a demanda). Martin diz que caminhões autônomos poderiam receber mais tempo nos sinais verdes, por exemplo: para ele, "um ou dois segundos adicionais aqui, mais dois ou três ali" podem ter um efeito tangível na eficiência.

Até o momento, a maioria dos projetos piloto envolvendo veículos automatizados foi executada em ambientes controlados como pistas de testes, e os dados dos poucos projetos que usaram vias públicas são sigilosos. Recentemente, o Google fez lobby diante das autoridades da Califórnia para obter permissão de testar caminhões autônomos ao lado de seus carros autônomos. O projeto da Flórida precisa justamente de dados desse tipo - mas o Google não pretende compartilhar seus resultados.

O FDOT planeja agora um projeto piloto para coletar dados do mundo real por conta própria, o primeiro projeto desse tipo a ser empreendido por um órgão público nos EUA. Inicialmente, os motoristas vão receber smartphones rodando aplicativos que reúnem informações a respeito dos caminhos que eles percorrem e o quanto suas jornadas demoram em diferentes horários e diferentes momentos do ano. Na fase seguinte, para a qual o departamento espera obter financiamento da indústria, alguns veículos serão equipados com tecnologia "veículo-para-infraestrutura" para se conectar com semáforos e, possivelmente, ganhar prioridade em períodos de calmaria. Por fim, alguns caminhões receberão sistemas autônomos de direção capazes de fazer a viagem de ida e volta dos armazéns com pouca ou nenhuma ajuda dos operadores humanos, embora um motorista esteja sempre presente.

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Os primeiros caminhões autônomos podem começar a sair do aeroporto de Miami em até três anos. Se tudo der certo, algumas das estradas de Miami se tornarão mais seguras e fluidas, e o estado ficará melhor preparado para aquela que parece agora ser a inevitável onda dos veículos autônomos de todo o tipo. Além disso, as flores dos EUA ficarão um tanto mais frescas: é o doce aroma do sucesso. 

© 2014 The Economist Newspaper Limited. Todos os direitos reservados.

Da Economist.com, traduzido por Augusto Calil, publicado sob licença. O artigo original, em inglês, pode ser encontrado no site www.economist.com

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