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FMI diz que Grécia precisa combater sonegação e não só aumentar impostos

Governo tenta ajustar contas para ter acesso a pacote de ajuda a fim de evitar calote

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Por Redação
Atualização:

O FMI (Fundo Monetário Internacional) criticou nesta segunda-feira, 19, a estratégia do governo grego de aumentar os impostos para diminuir o deficit público, a fim de equilibrar suas contas. O representante do FMI em Atenas, Bob Traa, disse que ao invés de subir os impostos, a Grécia deveria conter a sonegação, prática corriqueira no país. O alerta foi feito no dia em que o ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, se encontra com auditores do FMI, da União Europeia e do Banco Central Europeu. Caso o grupo conclua que a Grécia não fez os ajustes necessários, o país não terá acesso, nas próximas semanas, a uma parcela de oito bilhões de euros (R$ 19,5 bilhões) do pacote de ajuda acertado em maio, o que pode levar o governo grego a dar um calote em suas dívidas. Para ter acesso ao dinheiro a Grécia deve implementar um severo ajuste em suas contas, o que pode incluir privatizações e cortes nos salários dos servidores. Para o representante do FMI, "o setor público é muito grande". Ele também defendeu a redução dos gastos públicos. "Isso inevitavelmente requer o fechamento de órgãos ineficientes do Estado, bem como de reduções no quadro excessivamente grande de servidores públicos, e nos generosos salários do governo, que em alguns casos superam o de funções equivalentes na iniciativa privada", disse. Imposto sobre propriedade Bob Traa também criticou a proposta grega para a implantação de um imposto emergencial sobre propriedades, a ser cobrado na conta de energia elétrica. O representante do FMI disse que não é "nem economica nem politicamente sustentável" estipular impostos cada vez mais altos sobre uma base de arrecadação pequena. Traa considera mais útil combater "o problema da evasão fiscal". "O aumento na receita deve vir da melhora na arrecadação, mais do que do aumento e da introdução de novos impostos", disse. As críticas de Traa foram respaldas pelo presidente da Câmara de Comércio de Atenas, Constantine Michalos, que alertou para o perigo de convulsão social. "Em períodos de recessão a imposição de novos impostos agravam e aumentam o desemprego. Se atingirmos 20% de desemprego, há um iminente risco de convulsão social", disse. Na última semana, os ministros das Finanças da zona do euro também recomendaram o combate à sonegação. Cerca de 15% dos consumidores gregos não estão em dia com sua conta de luz. O temor é que a cobrança de mais um imposto pode aumentar ainda mais o nível de inadimplência. Traa, no entanto, não fez apenas críticas. Ele elogiou os esforços da Grécia, advertindo que o país precisa de mais tempo para implementar todas as medidas necessárias, já que a margem de manobra do governo seria "limitada". Mais cortes A imprensa grega vazou nesta segunda-feira um suposto comunicado da União Europeia, do FMI e do Banco Central Europeu listando 15 medidas a serem adotadas pelo governo. Entre as recomendações está o corte de cem mil servidores públicos (20 mil a mais que na proposta anterior). O ministro das Finanças grego disse que a União Europeia está fazendo da Grécia um "bode expiatório" de sua própria "falta de capacidade de administrar a crise". Venizelos disse ainda que seu país está sendo "chantageado e humilhado". O governo grego propõe medidas para atingir as metas fiscais de 2011 e 2012, aumentar o superavit e implementar reformas estruturais para melhoria da competitividade do setor produtivo. 'Esteriótipo negativo' O primeiro pacote de resgate à Grécia, fechado pela União Europeia e pelo FMI em maio, prevê o repasse de 110 bilhões de euros (R$ 268 bilhões) ao país. O segundo, acordado em julho e ainda pendente de aprovação por vários membros do bloco, prevê um adicional de 109 bilhões de euros (R$ 266 bilhões). O governo grego agora discute novas medidas de ajuste a fim de ter acesso à parcela que pode evitar o calote. Venizelos também pediu à oposição que reveja suas críticas, dizendo que os protestos criaram um "esteriótipo negativo" que pode causar danos à credibilidade do país.

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