Publicidade

Ford evita socorro federal, mas busca empréstimos do governo

Segundo o 'Wall Street Journal', montadora tenta garantir milhões de dólares com governos em todo o mundo

Por Danielle Chaves , da Agência Estado e e Dow Jones
Atualização:

A Ford Motor evitou o tipo de ajuda financeira fornecida pelo governo dos Estados Unidos para a General Motors e a Chrysler, mas isso não significa que a montadora está atuando completamente sozinha, como afirma o Wall Street Journal. De governos de todo o mundo, a Ford está tentando garantir centenas de milhões de dólares em empréstimos diretos e em garantias de empréstimos para ajudar seu braço financeiro e para obedecer às regulamentações federais.

 

Veja também:

PUBLICIDADE

 

"A Ford está evitando percorrer o mesmo caminho que a GM e a Chrysler, mas também está tirando vantagem de recursos em vários locais", afirmou o analista do setor automotivo Aaron Bragman, da IHS Global Insight. Representantes da montadora insistem em que qualquer comparação entre o socorro concedido à GM e à Chrysler e o acesso da Ford a fundos de crédito patrocinados por governos e a programas para economia de combustível e para redução da emissão de poluentes é injusta.

 

"Não se pode confundir um socorro emergencial para manter uma companhia em operação com parcerias entre a indústria e o governo para incentivar investimentos em tecnologia limpa e aumentar o crédito ao consumo", disse Steve Biegun, vice-presidente da Ford para relações governamentais internacionais, em um comunicado divulgado ontem.

 

"Estamos orgulhosos e os consumidores estão orgulhosos porque a Ford está criando seu futuro sozinha, sem recorrer ao precioso dinheiro dos contribuintes", afirmou o executivo-chefe da montadora, Alan Mulally, em entrevista à rede de televisão NBC na segunda-feira. Porém, isso não impediu que a Ford buscasse outras formas de ajuda governamental, embora menores.

 

Junto com várias outras companhias, a Ford está pedindo US$ 5 bilhões dos US$ 25 bilhões em empréstimos do Departamento de Energia dos EUA para ajudar o setor a atender aos padrões de economia de combustível. Na semana passada, a Comissão Europeia aprovou garantias de empréstimos de 500 milhões de euros (US$ 695 milhões) para a Volvo, subsidiária da Ford, desenvolver carros menos poluentes. Já o governo da Austrália deve fornecer mais de 450 milhões de dólares australianos (US$ 355 milhões) para empresas de financiamento automotivo, como a Ford Motor Credit, durante o próximo ano.

 

A competitividade da Ford pode ser um tópico das discussões na audiência do Comitê Bancário do Senado dos EUA marcada para esta quarta-feira, que vai examinar o trabalho da força-tarefa do governo de Barack Obama para as montadoras.

Publicidade

 

Vendas

 

A Câmara dos Representantes dos EUA votou na terça-feira em favor da introdução de um plano para oferecer incentivos financeiros para proprietários de carros trocarem seus veículos antigos e que consomem muito combustível por modelos mais eficientes.

 

Segundo o executivo-chefe da Renault, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, o plano vai impulsionar as vendas de carros. "Naturalmente, nós vamos revisar nossas projeções" para o mercado norte-americano, disse Ghosn a jornalistas, após depôr em uma comissão parlamentar francesa. A Renault não vende carros nos EUA, mas sua parceira japonesa, a Nissan Motor, tem uma presença significativa no país.

 

No entanto, o executivo observou que é cedo para especular qual será o aumento possível das vendas em decorrência do plano do governo dos EUA. "É difícil fazer revisões antes de saber exatamente quais decisões serão tomadas. Estamos esperando ter detalhes sobre as decisões e sobre como elas serão aplicadas, antes de elevar as nossas expectativas", afirmou Ghosn.

 

Durante o depoimento à comissão parlamentar francesa, Ghosn reafirmou que a crise que afeta a indústria automotiva global vai durar alguns anos. "Estamos preparados para uma crise prolongada", disse o executivo. Ghosn observou que os bônus oferecidos pelos governos, que ajudaram a aumentar as vendas de carros na Europa, "não vão durar para sempre".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.