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FTD mira sistemas de ensino para chegar a R$ 1 bilhão de faturamento

Mais conhecida pela venda de livros didáticos, companhia centenária investe em digitalização e planeja também acelerar parcerias com startups de educação

Por Andre Jankavski
Atualização:

Em 2020, o executivo Ricardo Tavares foi alçado ao cargo mais alto da FTD Educação, uma empresa centenária que surgiu como editora em 1902. Mas a promoção para ocupar a diretoria-geral ocorreu três meses antes do início dos efeitos da pandemia de covid-19 na economia. De repente, as preocupações de Tavares deixaram de ser apenas com o crescimento, e se voltaram também para encontrar uma estratégia para sobreviver ao período de incertezas. 

O executivo, que já vinha atuando na FTD como diretor desde 2013, priorizou a virada digital da empresa. Entre as principais mudanças estão o aumento da participação dos sistemas de ensino digitais – que tiveram grande crescimento com a pandemia –, passando pelas vendas em seu marketplace voltado para a educação. Com estratégias como essas, a empresa conseguiu manter o faturamento em R$ 900 milhões em 2021.

Ricardo Tavares, da FTD;empresa fez uma transformação digital Foto: Helcio Nagamine/Estadão

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Se há nove anos 60% da receita da FTD vinha de livros físicos, hoje essa fatia não passa de 35%. Atualmente, a companhia conta com 2,3 mil escolas em seus sistemas de ensino, mas quer alcançar 2,5 mil ainda em 2022, o que resultaria no alcance de 1 milhão de estudantes. Para isso, a companhia vem apostando em diversos segmentos, desde aulas gravadas e ao vivo, algo que se tornou uma obrigação de todas as escolas no período de pandemia, até a entrada em projetos de “gamificação”, que utilizam formatos de jogos para auxiliar no aprendizado.

Startups

Para também acelerar esses projetos, a FTD vem apostando em startups, seja como parceiras ou até mesmo entrando como sócia. O maior exemplo é a Estuda.com, que foi adquirida no ano passado e é voltada para a aplicação de simulados de vestibulares para alunos. A empresa também atua com outras startups em projetos internos. “Sempre estamos de olho em novas oportunidades nessa área”, afirma Tavares.

A área de sistemas de ensino está em expansão. Segundo estimativas da consultoria Hoper Educação, especializada no setor, o segmento de sistemas de ensino já movimenta R$ 4,3 bilhões no País. Para William Klein, presidente da Hoper, esse número deve se multiplicar nos próximos anos. “A pandemia trouxe um cenário enorme de possibilidades e muitas escolas ainda não tinham boas soluções de ensino à distância”, diz Klein. Não à toa, a FTD almeja chegar ao primeiro bilhão em faturamento em 2022, mesmo concorrendo com gigantes como a Somos Educação, da Cogna, e a Arco, que está listada na Bolsa de Nova York.

Por isso, a FTD tem um projeto para agregar valor às plataformas digitais e trazer mais soluções para os clientes. E não apenas os clientes corporativos, como as escolas, mas também os pais de alunos. A companhia criou um e-commerce para vender todas as soluções e materiais em um só lugar. Para esse ano, a FTD estima faturar R$ 260 milhões somente com este braço com a ampliação de portfólio. “Podemos, por exemplo, agregar serviços de assinaturas de clubes de livros”, diz o executivo.l

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Poder público A FTD já chegou a ter dois terços do seu faturamento voltados às compras do setor público, enquanto o restante ficava na mão da iniciativa privada. No entanto, na última década, essa conta se inverteu já que a empresa não queria ficar tão dependente dos governos. Isso não quer dizer, contudo, que a companhia abriu mão do setor público.  A companhia conseguiu abocanhar 46% de participação nas escolas do ensino infantil em livros didáticos e já tem contratado quase 30 milhões de exemplares para o Novo Ensino Médio criado pelo governo federal. Mais do que isso, a empresa quer ampliar a participação de seus sistemas de ensino no poder público. Atualmente, são 106 municípios que utilizam os serviços da FTD, mas Tavares acredita que pode ser muito mais. Por enquanto, as cidades que adotaram o sistema são menores, como é o caso de Barretos, que possui 132 mil habitantes. “Adoraria que mais escolas pudessem adotar sistemas de ensinos, ainda mais para trazer mais facilidades para alunos e professores, mas isso precisaria virar política pública”, diz o executivo.

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