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Fundador da Amazon compra o ‘Washington Post’ por US$ 250 milhões

Com o negócio, a família Graham encerra um período de oito décadas à frente da publicação, que é uma das mais tradicionais dos Estados Unidos

Por Filipe Serrano
Atualização:

 

Texto atualizado às 21h50

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WASHINGTON - O tradicional jornal norte-americano Washington Post, responsável pelas denúncias que levaram à queda do presidente Nixon, em 1974, no escândalo conhecido como Watergate, foi comprado pelo fundador e presidente executivo da Amazon, Jeff Bezos por US$ 250 milhões. Esse é o primeiro grande investimento do executivo fora do meio digital.

O anúncio da negociação foi feito nesta segunda-feira pelo grupo Washington Post Company, que controla o jornal e outras empresas. A transação de US$ 250 milhões será concluída em dois meses e inclui a divisão de jornais do grupo, com outras publicações.

O grupo Washington Post Company, que terá um novo nome, ainda não definido, continuará sendo o proprietário de outras publicações, como as revistas Slate, Foreign Policy e o site TheRoot.com, além de outros negócios na área educacional e de televisão, em que também atua.

"Com o sr. Bezos como proprietário, este é o começo de uma era nova e animadora", disse Katharine Weymouth, presidente e publisher do Washington Post. Ela continua no cargo, a pedido de Bezos, assim como os principais executivos da empresa. O fundador da Amazon vai manter a administração do jornal com a atual configuração.

Apesar de o negócio ter sido feito em nome do investidor e de não incluir a Amazon, a área editorial é um setor que a varejista tem explorado desde o lançamento do leitor de livros digitais Kindle, em 2007. A empresa também incluiu jornais e revistas entre as opções de conteúdo digital que podem ser compradas pelos usuários, mas o foco sempre foram os e-books.

O valor do negócio é pequeno se comparado a transações recentes no meio digital. Em maio, por exemplo, o Yahoo comprou o Tumblr, uma popular plataforma de publicação, por US$ 1,1 bilhão. No ano passado, o Facebook pagou US$ 1 bilhão pelo aplicativo e rede social de fotografia Instagram.

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Legado. A compra por parte de Bezos encerra o período de oito décadas em que a família Graham esteve à frente do tradicional jornal norte-americano, desde que a publicação foi comprada pelo investidor Eugene Meyer depois que o jornal tinha ido à falência, em 1933.

O Post, fundado em 1877, ficou marcado na história pela série de reportagens, publicadas a partir de 1972, sobre escândalo do Watergate, dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein. O caso terminou, dois anos depois, com a renúncia do presidente Richard Nixon. "Todos na Post Company e todos em nossa família sempre tivemos orgulho do Washington Post - do jornal que publicamos e das pessoas que o escrevem e o produzem", disse Don Graham, neto de Eugene Meyer, presidente do conselho e CEO da Washington Post Company. Ele continuará no cargo.

O jornal é visto como um dos mais influentes e admirados dos EUA, ao lado do New York Times, mas sua situação financeira foi agravada nos últimos dez anos por causa do declínio das receitas com publicidade e de leitores.

Em reportagem publicada nesta segunda-feira pelo Post, Don Graham afirmou que sua família reagia em choque à possibilidade de vender a empresa. "Mas, quando surgiu a ideia de uma transação com Jeff Bezos, meus sentimentos mudaram", disse. "O jornal poderia sobreviver e ser lucrativo num futuro próximo sob propriedade da empresa, mas queríamos fazer mais do que sobreviver. Não estou dizendo que isso (a venda) será garantia de sucesso, mas nos dá mais chance de alcançá-lo." Graham contratou a empresa Allen & Co., no início do ano, para fazer a negociação e encontrar potenciais compradores para o jornal.

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