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GM se prepara para nova fase de investimento no Brasil

Por ALBERTO ALERIGI JR.
Atualização:

A General Motors vai injetar 2 bilhões de reais no Brasil em 2011 e mais 1 bilhão em 2012, enquanto se prepara para novo ciclo de investimentos no país, de olho no lançamento de novos modelos e entrada em novos segmentos no mercado que se tornou seu terceiro maior no mundo. Enquanto finaliza seu plano de investimento de 5 bilhões de reais entre 2008 e 2012, a GM vai começar a definir nos próximos meses a estratégia para o período seguinte, em um momento em que uma série de rivais asiáticos desembarca no Brasil. Terceira maior montadora do Brasil em participação de mercado, a GM vai lançar 9 veículos novos até o final de 2012. Para os cinco anos seguintes, a estratégia ainda não está traçada, mas deve passar por um retorno ao segmento de caminhões, abandonado no início dos anos 2000. "O nível de investimento vai ter de continuar alto no Brasil. Estamos nos preparando para um novo ciclo", disse o presidente da General Motors para a América do Sul, Jaime Ardila, em evento no que apresentou a nova presidente da montadora no Brasil, Grace Lieblein. A executiva, que antes de assumir a operação brasileira em junho comandou por dois anos a unidade mexicana da GM, afirmou a jornalistas que não há uma meta específica de elevar a participação de mercado da empresa no Brasil, e sim de focar na melhoria de processos produtivos para que os novos produtos da marca no país cheguem "com preços competitivos". A estratégia acontece em um momento no qual as vendas de veículos de marcas chinesas, como Chery e JAC Motors, passam por forte crescimento no país, apesar de ainda deterem uma parcela pequena do mercado brasileiro. Na apresentação de Lieblein, a montadora apresentou dois veículos-conceito criados no Brasil: um sedan médio, chamado de Cobalt, e a picape Colorado, de grande porte, desenvolvidos no centro de tecnologia da companhia em São Caetano do Sul. Os futuros lançamentos da GM no Brasil serão inspirados nestes dois veículos, disseram os executivos. Ardila afirmou que a GM está "estudando seriamente" retomar vendas de caminhões no Brasil no médio prazo, depois que a montadora abandonou o segmento no início dos anos 2000. Entretanto, o executivo comentou que os planos não envolvem a construção de uma fábrica nova. "(No) médio prazo estou olhando para um horizonte de três anos, importar é uma logística enorme e, por outro lado, podemos aproveitar a linha de produção de veículos de alguma fábrica que já temos", disse o executivo. Se os planos vingarem, a montadora vai bater de frente com pesos-pesados no setor instalados no país, como Scania, Volvo, Mercedes-Benz, Ford e Volkswagen. SURPRESA NO SUL O presidente da GM na América do Sul afirmou que o mercado de veículos da região apresentou um desempenho "surpreendente" no primeiro semestre, com vendas totais de 2,7 milhões de unidades. "Achamos que o mercado vai superar 5 milhões de veículos este ano, depois do crescimento de 16 por cento do primeiro semestre", disse o executivo. Segundo ele, na América do Norte as vendas subiram 12 por cento nos primeiros seis meses sobre o mesmo período de 2010, enquanto na China o desempenho foi lento e na Europa a crise econômica segue pressionando o mercado. "A América do Sul foi o mercado de maior crescimento no mundo no primeiro semestre", disse Ardila, acrescentando que a participação da Chevrolet, uma das principais marcas da GM, na região foi de 19 por cento no primeiro semestre. O executivo afirmou que o mercado na Colômbia cresceu acima de 50 por cento, enquanto na Argentina e no Chile houve alta de 30 por cento cada. Mas quando perguntado sobre o Brasil, o executivo foi duro: "Não estou satisfeito com o mercado brasileiro este ano. O mercado está sendo puxado pelas vendas especiais, para frotistas como locadoras de veículos que estão renovando suas frotas", disse Ardila. "O varejo está parado." Segundo ele, a participação histórica de vendas a frotistas no Brasil é de cerca de 20 por cento do total, mas em 2011 o percentual subiu para 27 por cento. "Não é ruim, mas não é sustentável porque as vendas de frotas acontecem em ciclos." No primeiro semestre, as vendas de veículos no Brasil subiram 10 por cento na comparação anual, para 1,74 milhão de unidades, segundo dados da associação de montadoras, Anfavea.

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