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Gol renegocia com Delta, Boeing e debenturistas e suspende voos

Segundo a empresa, iniciativas têm como objetivo fortalecer a liquidez e a estrutura de capital; companhia pretende reduzir sua frota em cerca de 15% até o final do ano

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Por Luana Pavani
Atualização:
Gol não irá receber aeronaves até a metade de 2018 Foto: Fabio Motta/Estadão

SÃO PAULO - A Gol está em renegociações de contratos de aeronaves e de dívida dentro de seu plano de reestruturação financeira e também implementa revisão de rotas. Essas iniciativas estão detalhadas em documentos enviados entre a noite de ontem e a manhã desta quarta-feira ao mercado. Entre as principais medidas - fruto da assessoria financeira para o processo de reestruturação contratada comPJT Partners eSkyWorks Capital - estão waiver em debêntures, corte de voos, redução de excesso de garantias pela Delta e revisão de cronogramas de entregas com a Boeing.

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Além de uma troca de títulos de dívidas emitidos no exterior, ou "oferta de permuta", anunciada na noite de ontem, a companhia aérea apresentou um fato relevante com demais "iniciativas da companhia para fortalecer sua liquidez e sua estrutura de capital", informando que "está renegociando a vasta maioria de sua dívida, bem como as obrigações decorrentes de seus contratos de leasing".

No caso das debêntures, que somam R$ 1,050 bilhão em circulação, foram negociadas com os titulares concessões pelas quais a Gol espera reduzir, até 2018, o pagamento de principal no valor de R$ 225 milhões. São elas: a prorrogação de 90% do valor de principal vincendos em 2016 e 2017 para 2018, 2019 e 2020; um novo crédito no valor de R$ 300 milhões com prazo de 2 anos e renúncia ("waiver") para o cumprimento de determinadas obrigações financeiras por um ano.

A Delta, que participa do controle da Gol, concordou em reduzir o excesso de garantia nos termos de reimbursement agreement relativos ao empréstimo de US$ 300 milhões de forma permanente, sujeito à realização bem-sucedida da troca de notes (ofertas de permuta).

Quanto a aeronaves, a Gol negociou com a Boeing flexibilidade adicional em futuras entregas. Esse acordo de flexibilidade "irá representar um alívio significativo em termos de fluxo de caixa", o qual será usado em parte na troca de notes. O documento informa ainda que no final de 2015 havia R$ 555,500 milhões em pagamento prévio de entregas.

A companhia aérea revisou seus cronogramas de entregas no primeiro quadrimestre deste ano de forma a não receber aeronaves até a metade de 2018. Isso se encaixa no ponto do documento que trata de renegociação com fornecedores para reduzir custos e ajustá-los à realidade das novas rotas e frota.

A mudança de rotas, implementada em 1º de maio, segundo a companhia, visa focar nas mais rentáveis e resultou na suspensão de voos para oito destinos. A Gol pretende reduzir sua frota em cerca de 15% até o final do ano e reitera no documento que espera reduzir frota e oferta, como anunciado pela diretoria ao final de março, após a divulgação do balanço de 2015. "A companhia estima que estas mudanças irão reduzir ano-a-ano o número de decolagens e assentos de 15% a 18% e a oferta total de voos (ASK) de 5% a 8%."

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Leasing e Smiles. Outras medidas que já estavam em curso, como os esforços com lessores e contrato com a Smiles estão no documento. No caso de leasing, diz que procura renegociar certos termos comerciais dos contratos, "incluindo a devolução de aeronaves, prorrogação e redução dos custos de devolução de aeronaves e prorrogação e redução de pagamentos".

Da Smiles, lembra que há um pagamento antecipado de passagens aéreas no valor de R$ 1 bilhão, incluindo R$ 376 milhões desembolsados pela empresa de programa de fidelidade em fevereiro deste ano.

Por fim, o fato relevante informa que a Gol "implementou diversas iniciativas visando a redução de seus custos operacionais, incluindo custos administrativos, introdução de jornadas de trabalho de meio período a fim de compensar a redução da demanda em baixa temporada, e a renegociação com fornecedores."

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