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Governo diz que crítica do Iedi é política

Para ministro, afirmação de Pedro Passos, sócio da Natura, de que confiança dos empresários acabou está contaminada pela disputa eleitoral 

Por Anne Warth
Atualização:

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, ironizou neste domingo as críticas do presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e sócio-fundador da Natura, Pedro Passos. Em entrevista ao Estado, Passos disse que falta direção do governo à economia e que os empresários não confiam no governo Dilma Rousseff. Para o ministro, a opinião de Passos está contaminada pela disputa eleitoral.

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"A agressividade dele não me surpreende", afirmou. "A Natura hoje tem uma posição partidária, de apoio a uma candidatura de oposição ao governo Dilma Rousseff." Pimentel afirmou que Passos se tornou um "militante de um projeto eleitoral de oposição".

As acusações usam como mote o fato de Guilherme Leal, sócio de Passos na Natura, ter concorrido à vice-presidência na chapa liderada por Marina Silva nas eleições de 2010. Depois disso, Marina deixou o PV, tentou fundar a Rede, sem sucesso, e, por fim, aliou-se ao PSB. Ela deve ser vice na chapa do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência.

Pimentel não rebateu nenhuma das críticas feitas por Passos à política econômica do governo. "Não é o caso de respondê-las, porque elas não foram feitas no âmbito do debate. Ele não quer contribuir com o debate econômico."

Fóruns. Segundo o ministro, os empresários têm a chance de se manifestar em diversos fóruns entre o governo e o setor privado. "As declarações de Passos são um instrumento de campanha eleitoral antecipada", afirmou. "Ele deveria ter deixado seu posicionamento político mais claro."

Pimentel deixa o ministério nesta semana para concorrer ao governo de Minas Gerais (leia mais à página A5). Como ministro do Desenvolvimento, o petista liderou as discussões sobre a política industrial do governo, o Plano Brasil Maior, cujos resultados ainda não se fizeram sentir.

No ano passado, a indústria cresceu 1,2%, mas terminou dezembro com queda recorde na produção (-3,5%). Em 2012, o setor encolheu 2,5%.

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Na entrevista publicada no domingo, Passos disse que os empresários perderam a confiança no governo. "O clima de confiança não existe, acabou. Falta direção. Não está claro para onde estamos indo, quais são os grandes compromissos. Isso cria instabilidade", disse.

Segundo o empresário, não há esperança de que os resultados em 2014 sejam melhores, porque a economia já começou o ano em ritmo lento. Na avaliação dele, é preciso aumentar a produtividade brasileira. "Existe necessidade de uma nova definição de modelo econômico. O cenário muda e o País precisa se adaptar", disse.

Para a retomada da indústria, de acordo com Passos, o Iedi defende "um processo que passa primeiro por um compromisso claro de abertura comercial para que o Brasil se modernize, importe e exporte mais. Segundo, passa por uma política de comércio exterior mais clara, porque hoje ela é frágil. Terceiro, passa obviamente por maior agressividade nos acordos comerciais, que a gente vem perdendo ou não evoluiu nos últimos 20 anos". 

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