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Governo vai tentar fazer superávit acima da meta

Aumento da arrecadação deve produzir ‘gordura’ adicional que poderá ser usada como uma espécie de poupança preventiva

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes e Fabio Graner
Atualização:

A equipe econômica já trabalha informalmente para fazer um superávit maior do que a meta de 3,3% de superávit primário do setor público fixada para este ano.

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Essa "gordura" adicional no esforço fiscal do governo, que deverá ser garantida com o aumento da arrecadação, vai funcionar com uma espécie de poupança preventiva que poderá ser ou não usada dependendo dos desdobramentos dos cenários interno e externo.

Além disso, o governo considera que, além de elevar o superávit primário e aumentar a taxa Selic, pode lançar mão de medidas para fechar a "torneira do crédito", encarecendo o seu custo via tributação ou aumento dos compulsórios.

Os secretários do Tesouro Nacional, Arno Augustin, e da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, já deram indicações de que o governo poderá elevar seu superávit. Por ora, a estratégia é ganhar tempo para obter mais dados sobre a economia e seu impacto nas contas públicas.

Enquanto isso, a área econômica aproveita a retomada mais intensa das receitas para, informalmente, reforçar o primário sem mudar a meta ou, se o comportamento da economia assim exigir, elevá-la oficialmente.

Folga fiscal

Na primeira hipótese, a economia poderá reforçar o Fundo Soberano do Brasil (FSB), que atualmente acumula cerca de R$ 17 bilhões. O relatório de avaliação bimestral da evolução das receitas e despesas do Orçamento, divulgado na quinta-feira, se insere nessa estratégia.

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Apesar da redução das estimativas de receitas, os técnicos estão convencidos de que a arrecadação vai surpreender para cima ao longo do ano, gerando a "folga fiscal" suficiente para o governo optar pela forma mais apropriada para a conjuntura, que ainda está cheia de incógnitas.

A maior incerteza é quanto ao ritmo de expansão, cujo resultado do PIB no primeiro trimestre, que será divulgado pelo IBGE no início de junho, deve ajudar a tornar o cenário mais claro. O governo sabe que, apesar de oficialmente projetar alta de 5,5% no PIB este ano, o crescimento deve superar os 6%. Nesse sentido, a alternativa pode ser a formalização de um superávit maior.

Não foi à toa que a resposta dada esta semana pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, a uma pergunta sobre o aumento do superávit: "Me perguntem ao longo do ano". A expectativa nos bastidores é que, em meio ao processo eleitoral, se possa anunciar a decisão de aumentar o superávit. Seria um fato positivo por reforçar a responsabilidade fiscal do governo.

Os estudos mostram ainda a possibilidade de medidas adicionais para conter a expansão do crédito, que é hoje uma ameaça para a inflação. Entre as opções está a eventual elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito. Também está no radar a possibilidade de uma nova rodada de elevação dos depósitos compulsórios.

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