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Grandes fundos aproveitam apetite de investidores para vender empresas

Advent e Partners Group usaram ‘onda’ de fusões, aquisições e IPOs para se desfazer das varejistas Big e Natural da Terra, respectivamente; fila de negócios inclui a intenção do Carlyle de sair de sociedade na rede de restaurantes Madero

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Fernanda Guimarães
Atualização:

O apetite de investidores nos mercados de fusões, aquisições e aberturas de capital – a cifra de ofertas de ações no País já bateu recorde em 2021 – serviu para os grandes fundos de private equity (que compram participações em empresas) buscarem formas de sair de investimentos antigos. Mesmo em um momento de mercado menos positivo, com as projeções de expansão para 2022 se reduzindo, há ainda muitos fundos na “fila” da porta de saída de grandes negócios.

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Foi graças a essa onda positiva das fusões e aquisições que o fundo Advent conseguiu vender o Grupo Big (ex-Walmart) à rede francesa Carrefour. Mais recentemente, a Partners Group se desfez do hortifrúti Natural da Terra, que acabou nas mãos da Americanas. Já entre os IPOs (ofertas iniciais de ações), operações como da Oncoclínicas, da Espaço Laser e da locadora de equipamentos Armac também envolveram a venda de ações por esses fundos. 

Para os próximos meses, há ainda uma lista de fundos buscando se desfazer de ativos. Entre eles, estáo Carlyle, da rede de restaurantes Madero; a Paraty Capital, da fabricante de alimentos Dori; e a Leste Capital, da rede de academias Bluefit

Antes da venda, Partners Group permaneceu no Natural da Terra por 5 anos. Foto: Natural da Terra - 11/8/2021

Mesmo as operações que devem ocorrer lá fora se encaixam nessa onda de desinvestimentos: a CI&T, empresa de transformação digital, vai abrir capital nos EUA – nesse processo, abrirá uma porta de saída para o Advent.

“Com o mercado de capitais aquecido, os fundos de private equity conseguem avaliações de preço mais interessantes pelos seus ativos, mesmo sem vender o controle”, diz o presidente do banco Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema. Segundo o executivo, dessa forma os fundos podem girar suas carteiras de maneira mais rápida – remunerando seus cotistas e enchendo o caixa para prospectar novos negócios. 

Chefe da área de mercado de capitais e renda variável para a América Latina do Morgan Stanley, Eduardo Mendez diz que o ciclo de permanência de um fundo em um negócio costuma ser de cinco a dez anos. Quando a venda ocorre via IPO, é bem visto se o investidor permanece com parte das ações, mostrando que confia no ativo. A venda do restante da participação, nesses casos, costuma ser feita mais tarde, depois que a empresa continuou a apresentar bons resultados.

Fluxo positivo

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Ao devolver os recursos aos cotistas do fundo após vender um negócio, a captação para novos investimentos acaba ficando mais fácil. Conforme dados da Associação Brasileira dos Fundos de Private Equity (Abvcap), a venda de ativos por fundos somou R$ 7,8 bilhões entre janeiro e março, ante R$ 2,7 bilhões no mesmo período do ano passado. Os investimentos feitos praticamente dobraram na relação anual, somando R$ 10,7 bilhões.

Dados da consultoria PwC também apontam para crescimento da participação dos fundos de private equity nas operações de fusões e aquisições. De janeiro a março, esses investidores estiveram presentes em 92 transações, 35% a mais do que o apresentado no mesmo período de 2020. Desse total, conforme o levantamento da PwC, 70% eram investidores nacionais e 30% eram estrangeiros.

Segundo o sócio da butique de serviços financeiros G5 Partners, Levindo Santos, o ciclo recente se mostrou propício para a saída de fundos por meio de abertura de capital, que antes eram uma tática considerada arriscada. “Os investimentos pelos fundos têm data e hora para acabar. Eles têm um prazo para liquidar e devolver aos investidores”, diz o especialista.

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