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Gregos fazem greve de 24 horas contra plano de austeridade

Medidas preveem congelamento dos salários públicos, aumento de impostos e elevação da idade da aposentadoria

Por Gabriel Bueno e da Agência Estado
Atualização:

Dezenas de milhares de trabalhadores gregos cruzaram os braços nesta quarta-feira, como parte de uma paralisação nacional de 24 horas. A manifestação, convocada pelos dois maiores sindicatos da Grécia, dos setores público e privado, é um protesto contra as medidas de austeridade anunciadas pelo governo e apoiadas pela União Europeia.

 

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A greve afeta os serviços públicos e de transporte, incluindo escritórios do governo, escolas e universidades, em sua maioria fechados. Além disso, as viagens na região da capital, Atenas, eram dificultadas pela paralisação.

 

O Aeroporto Internacional de Atenas também fechou, pois os controladores aéreos aderiram à paralisação. Não havia voos partindo ou deixando os aeroportos do país. Os serviços de trem, ônibus e ferry também sofreram cancelamentos por toda a Grécia.

 

Os bancos também preveem que serão afetados, enquanto os hospitais públicos operam em esquema emergencial. Não serão publicados jornais, pois o sindicato dos jornalistas também aderiu ao movimento.

 

"Em muitos setores, a participação na greve é de 100%", disse um porta-voz da central sindical do setor privado ADEDY. "Muitos bancos no centro estão fechados ou operando em esquema de emergência."

 

Segundo o porta-voz, a paralisação "mostra que a classe trabalhadora está totalmente contra os planos de austeridade do governo". "Nós entendemos as dificuldades na economia, mas o trabalhador médio não pode dar mais nada. Se a UE (União Europeia) quer mais medidas, os ricos e aqueles que sonegam impostos devem pagar por isso."

 

A Grécia está sob forte pressão da UE e dos mercados financeiros para reduzir seu déficit orçamentário, que atingiu 12,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, quatro vezes acima do limite da UE. O governo se comprometeu a cortar esse déficit para 8,7% do PIB, este ano, e conseguir respeitar o limite de 3% da UE até 2012.

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Para cumprir esses objetivos, o governo anunciou uma série de cortes de gastos e a elevação de impostos. Segundo a administração, isso produzirá um saldo de entre 8 bilhões e 10 bilhões de euros, entre economias e novas contribuições. 

 

As principais reclamações dos manifestantes são contra o congelamento dos salários públicos, o aumento de impostos e a elevação da idade de aposentadoria, que fazem parte do plano de contenção de gastos do governo.

 

"Parece a mim que há uma guerra geral contra os funcionários públicos, aqueles que ganham menos", disse Spyros Papaspyros, presidente da confederação sindical ADEDY. "Nós vamos lutar para manter o pouco que temos", garantiu.

 

"Em média, 80% de nossos membros estão participando da greve e a maioria dos escritórios públicos está fechada", acrescentou Papaspyros. "O governo e a UE têm que entender que a crise deve ser paga pelos ricos, não pelo funcionário público médio. Nós nos encontraremos nas próximas duas semanas para decidir sobre nossas futuras ações."

 

Os parceiros da Grécia, porém, permanecem temerosos. Delegações da UE, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional realizam reuniões em Atenas, pressionando o governo a adotar um pacote adicional de austeridade no valor de cerca de 2,5 bilhões de euros.

 

O novo pacote, que pode ser anunciado na semana que vem, deve incluir um aumento na atual taxa de impostos de 19%, mais cortes em benefícios dos funcionários públicos e mais impostos sobre itens do setor de luxo, como barcos e carros caros.

 

A Grécia também analisa a possibilidade de aumentar mais os impostos sobre combustível. A UE também pediu que o país corte um ou dois dos salários extras ganhos pelo setor público atualmente, além dos 12 regulamentares. O governo, porém, resiste a mexer nesses benefícios.

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Os trabalhadores gregos planejam ainda realizar duas manifestações no centro de Atenas, mais tarde nesta quarta-feira. As informações são da Dow Jones.

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