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Grupo alemão Axel Springer vai comprar site americano Politico

Negócio está avaliado em mais de US$ 1 bilhão e deve ser fechado até o fim deste ano

Por Edmund Lee
Atualização:

Politico, o site de notícias de Washington que prosperou durante anos enquanto profissionais de Beltway reportavam os bastidores do poder, terá um novo dono. A gigante alemã Axel Springerassinou acordo para comprar o Politico, em um anúncio feito nesta quinta-feira, 26, que pode mexer com o cenário midiático de Washington. 

O Springer vai controlar o Politico e também o Politico Europe, bem como o site de tecnologia da empresa, o Protocol, que é um empreendimento relativamente novo, segundo a companhia. O negócio, que deve ser fechado até o fim deste ano, está avaliado em mais de US$ 1 bilhão, segundo duas pessoas próximas ao tema. O The New York Times noticiou na semana passada que o dono do Politico, Robert Allbritton, estava pedindo US$ 1 bilhão pelo negócio. As empresas não divulgaram os termos financeiros. 

Grupo alemão tem se interessado em empresas de notícias por assinatura Foto: Odd Andersen / AFP

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Mathias Döpfner, executivo-chefe do Springer, descreveu o Politico como uma “excelente empresa de mídia” que “inovou o jornalismo político digital”. Ele ainda ressaltou a importância de manter o editorial independente e apartidário do Politico. 

Allbritton, que ajudou a fundar o site em 2007, permanecerá como editor do Politico, que operará separadamente do Springer.

"Alcancei esse marco com uma sensação de satisfação que espero que seja compartilhada por todos os membros do Politico", disse ele em um comunicado. Ele também criticou outras pessoas desse mercado digital. “Colocamos ênfase em fazer, em vez de ostentar. E o que muitos concorrentes aspiram — uma publicação lucrativa e consistente que apoia a excelência jornalística — nós conseguimos.”

Allbritton e o Springer conversaram por diversos meses sobre a possibilidade de aquisição, disseram fontes sob condição de anonimato. O Politico, que gera cerca de US$ 200 milhões por ano em receitas, tem sido consistentemente lucrativo. O site é gratuito, e a sua principal newsletter, Playbook, é amplamente lida pelos poderosos corretores de Washington. Ele também tem um serviço de assinatura, o Politico Pro, que gera mais da metade da receita anual da empresa.

Com o valor de mais de US$ 1 bilhão, o negócio é uma das fusões de mídia mais caras na história recente, o equivalente a cinco vezes as vendas anuais do Politico. O BuzzFeed, uma das maiores mídias digitais dos Estados Unidos, anunciou recentemente uma transação financeira para abrir seu capital avaliada em US$ 1,5 bilhão, o equivalente ao triplo de sua receita anual. 

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O Springer tem buscado negócios nos Estados Unidos como forma de expandir seu portfólio. O grupo tem se interessado em empresas de notícias por assinatura. Após adquirir o Business Insider por US$ 500 milhões em 2015, o Springer remodelou a empresa de forma a se tornar um meio de notícias por assinatura e colocar seus furos atrás de um paywall. Por esse negócio, o pagou quase nove vezes a receita do Business Insider. Ano passado, a companhia adquiriu uma participação no controle do Morning Brew, uma editora de boletins informativos.

O negócio de assinaturas do Politico se tornou um atrativo ainda maior para o Springer. O grupo alemão já tinha uma parceria como co-proprietário no Politico Europe e estava interessado em expandi-lo, mas não poderia fazê-lo sem o consentimento de Allbritton. 

O acordo com o Politico deve anular as negociações da Springer para adquirir a Axios, uma startup de notícias concorrente fundada por Jim VandeHei, Mike Allen e Roy Schwartz, todos os primeiros veteranos do Politico. (VandeHei e John F. Harris começaram a Politico em 2006, depois que deixaram o The Washington Post.)

Allbritton perdeu alguns dos grandes nomes do jornalismo nos últimos anos, seja para rivais ou para novatas do mercado. O cenário da mídia mudou substancialmente, e a chamada economia do talento permitiu que jornalistas de renome iniciassem seus próprios empreendimentos. Neste ano, três dos principais membros da equipe do Politico — Jake Sherman, Anna Palmer e John Bresnahan — saíram para criar o Punchbowl News, um site concorrente. Sherman e Palmer foram os responsáveis por trás da newsletter Playbook.

Em fevereiro, o CEO do Politico anunciou que sairia e, em junho, Carrie Budoff Brown, um editor de longa data no Politico, disse que sairia para passar a integrar o time da NBC News. Os quase 400 jornalistas do Politico também estão no meio de um esforço de sindicalização que pode aumentar o custo do negócio. Não está claro como a Springer gerenciará os crescentes problemas trabalhistas.

Para Allbritton, o negócio significa um grande pagamento pessoal. Sua família já arrecadou cerca de US$ 500 milhões depois que ele vendeu seu império de televisão para o Sinclair Broadcast Group em 2013.

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