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Grupo Tribune estuda declarar falência

Empresa controla os jornais The Los Angeles Times e The Chicago Tribune

Por Michael J. de la Merced
Atualização:

O grupo norte-americano The Tribune Company, proprietário dos jornais The Los Angeles Times e The Chicago Tribune, pediu nesta segunda-feira a proteção da lei norte-americana de falências, em uma corte federal em Delaware. Com problemas financeiros decorrentes do crescimento de dívidas e queda nas receitas provenientes de anúncios publicitários, o conglomerado dá sinais de que pode pedir falência.   Comprado no ano passado por Samuel Zell, investidor bilionário do mercado de imóveis, o grupo The Tribune contratou consultores para negociar suas dívidas com credores.   Este é apenas o mais recente, e talvez o maior, sinal de retração do mercado de jornais. Várias empresas donas de jornais têm lutado para lidar com a queda das receitas e com o crescimento das dívidas. O grupo The Tribune reduziu as redações de muitos de seus jornais e, no início deste ano, vendeu o Newsday para o grupo Cablevision, da família Dolan.   Em sua petição junto à corte, o grupo The Tribune diz ter dívidas próximas a 13 bilhões de dólares, comparadas a 7,6 bilhões de dólares de patrimônio. A maior parte destes débitos foi assumida quando Zell comprou a empresa – um acordo que ele firmou com dinheiro emprestado. E, atualmente, todo o capital privado da empresa pertence ao um fundo de ações dos funcionários.   Enquanto o grupo The Tribune terá de administrar grandes pagamentos ao longo do próximo ano, seu maior problema é a manutenção dos pagamentos de algumas de suas dívidas que limitam sua capacidade de pedir empréstimos para valores correspondentes a não mais do que nove vezes os seus ganhos, antes dos juros, da depreciação e da amortização.   Mesmo com companhia pagando os juros sobre os empréstimos, ela falha ao manter os mesmos níveis de débitos – o que nem sempre leva a um processo de falência. Outras empresas proprietárias de jornais têm lutado para pagar juros sobre suas dívidas, mas já estão em falência.   Os maiores credores listados pelo The Tribune em seu pedido de proteção à lei de falências inclui grandes bancos, como JPMorgan Chase, Merrill Lynch e Deutsche Bank. O banco JPMorgan apresentou algumas empresas com as quais divide seus débitos,  entre elas os grupos privados de investimento Kohlberg Kravis Roberts’s KKR Financial, Highland Capital Management e Davidson Kempner Capital Management.   Jake Newman, analista do CreditSights, disse em relatório divulgado no mês passado que o grupo The Tribune evitou falhas nos pagamentos de dívidas no terceiro trimestre graças a ajustes contábeis. "Acreditamos que a companhia terá dificuldades nas reuniões no fim deste ano", escreveu Newman.   O grupo The Tribune tem tentado melhorar sua situação, vendendo ativos como o Chicago Cubs, mas ainda enfrenta o risco de quebra. Há algumas semanas, a companhia contratou a consultoria Lazard, para orientar suas decisões. O grupo também contratou a consultoria Sidley Austin, agência conselheira de longa data da companhia e muito respeitada pela experiência em processos de falência.   Nesta segunda-feira, o The Tribune também anunciou que manterá o escritório de consultoria de reestruturação Alvarez & Marsal como consultor. O Alvarez & Marsal também prestou consultoria para o Lehman Brothers, banco de investimentos cuja a falência foi a maior da história norte-americana.   Os problemas do grupo The Tribune refletem-se no preço de seus títulos. Os títulos com vencimento para agosto de 2010 foram negociados a US$ 13,25 na sexta-feira, sugerindo altos níveis de risco.

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