Publicidade

Inadimplência da pessoa física bate recorde histórico em maio

Parcela de operações com atraso entre as famílias chega a 8,6%; nos finaciamentos às empresas, taxa é de 3,2%

Foto do author Célia Froufe
Por Fernando Nakagawa , Célia Froufe (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

A taxa de inadimplência entre as pessoas físicas atingiu em maio o maior nível da série histórica, iniciada em junho de 2000, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 25, pelo Banco Central. A taxa ficou em 8,6% no mês passado, ante 8,4% em abril. Em maio de 2008, a inadimplência na pessoa física era de 7,4%.

 

Veja também:

 

PUBLICIDADE

O aumento dos atrasos nos pagamentos aconteceu também no segmento de crédito, para as pessoas jurídicas. Nos financiamentos às empresas, a parcela das operações com atraso superior a 90 dias chegou a 3,2% em maio, o maior nível desde maio de 2001, quando estava em 4,2%. Em abril de 2009, o índice estava em 2,9% e em maio do ano passado, em 1,8%.

 

Com a alta nos dois segmentos, a inadimplência média no crédito com recursos livres de direcionamento atingiu em maio 5,5% das operações, o maior patamar desde setembro de 2000, quando o índice estava em 5,7%. No último mês de abril o porcentual de inadimplência no crédito livre tinha sido de 5,2%. Em maio de 2008, a taxa estava em 4,3%.

 

Na avaliação do chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, o aumento da inadimplência em maio refletiu uma "parada brusca" nas fontes de financiamento. "Muitas empresas e famílias não têm como rolar a dívida e isso leva a uma inadimplência maior", comentou.

 

A falta de recursos foi fruto da crise financeira internacional, que teve seu auge em setembro do ano passado. Quando isso ocorreu, os bancos passaram a ser mais seletivos na oferta de recursos, o que trouxe dificuldades para o tomador. Assim, o consumidor deixou de ter à disposição crédito mais barato, como o consignado e o direto ao consumidor, e teve que adotar linhas mais caras, como a do cheque especial.

 

Veículos

Publicidade

 

A inadimplência nos financiamentos no cheque especial e para a compra de veículos também atingiu em maio o maior nível da série histórica iniciada em 2000. Os dados do BC mostram que 10,8% das operações com o cheque especial tinham atraso de pelo menos 90 dias.

 

No caso dos carros, o índice de empréstimos em atraso chegou a 5,4% em maio. Isso quer dizer que brasileiros tinham, no fim de maio, parcelas atrasadas que somavam R$ 4,4 bilhões. Em abril, a inadimplência era de 5,2%.

 

A inadimplência no financiamento de veículos tem crescido gradualmente desde o fim de 2007. De acordo com dados do BC, o patamar mais baixo dos últimos meses foi registrado em dezembro de 2007, quando 3% das parcelas estavam com atraso superior a 90 dias. Desde então, os atrasos só sobem. Em janeiro de 2008, a parcela era de 3,1% e em maio do ano passado, de 3,7%. Em dezembro de 2008, alcançou 4,3%.

 

Recuperação

 

PUBLICIDADE

Apesar do quadro negativo, Altamir traçou um quadro positivo para o futuro. "Com a restauração das linhas, a expectativa é de que a taxa de inadimplência volte a cair", previu. Antes disso, porém, comentou o chefe do departamento do BC, é provável que haja ainda mais queda da inadimplência. "Mas não dá para afirmar que isso ocorrerá."

 

Com a recuperação posterior do mercado, previu, há uma tendência de que o risco de calote fique menor e que o tomador volte e usar linhas menos onerosas. "O crédito já está voltando aos poucos", comemorou. Ele evitou, porém, indicar em que período isso deve ocorrer de forma definitiva. "A queda deverá ocorrer a partir da regularização plena das linhas de crédito", limitou-se a dizer.

 

Quando o quadro de crédito se consolidar, previu Altamir, a expectativa é de que se volte ao patamar verificado antes do auge da crise financeira internacional. "Agora é que os números estão mostrando aquele ápice da crise. Os números de agora mostram nada mais do que o que já ocorreu", avaliou.

Publicidade

 

FGC

 

Para o chefe de departamento, a criação do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) foi fundamental para a volta do mercado de crédito. "Tivemos depósitos expressivos a partir de meados de maio e isso bateu de pronto na pessoa física", disse. Segundo ele, já é possível observar uma maior disposição de linhas para esse segmento, fornecidas principalmente por bancos de pequeno e médio portes.

 

Texto atualizado às 12h59

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.