Publicidade

Índia apresenta seu ‘iPad’ de US$ 35

Para produzir o tablet, governo indiano busca agora parcerias na iniciativa privada

Por Erika Kinetz e da AP
Atualização:

Parece um iPad, mas custa 1/14 de um iPad: é o protótipo de um tablet básico dirigido ao público estudantil, que a Índia acaba de apresentar – e espera começar a produzir em 2011. "Esta é a nossa resposta ao computador de US$ 100 do MIT", disse o ministro de desenvolvimento de recursos humanos Kapil Sibal, ao Economic Times na apresentação do aparelho esta semana.

PUBLICIDADE

Se o governo conseguir encontrar um fabricante, o computador com sistema operacional Linux será o mais recente de uma série de inovações "mais baratas do mundo" a chegar ao mercado da Índia, que já tem o carro compacto Nano de 100 mil rupias (US$ 2.127), o purificador de água de 749 rupias (US$ 16) e a cirurgia a coração aberto por US$ 2 mil.

O tablet pode ser usado para funções como processador de texto, navegação na internet e videoconferência. Também tem uma opção a energia solar – importante para o interior da Índia que tem escassez de energia –, embora ela represente um acréscimo do custo.

Em 2005, Nicholas Negroponte – um dos fundadores do Media Lab do Massachusetts Institute of Technology – apresentou um protótipo de laptop de US$ 100 para crianças dos países em desenvolvimento. A Índia o rejeitou, alegando que era caro demais, e durante alguns anos se dedicou ao desenvolvimento de uma opção própria mais barata.

Disputa de preços

O laptop de Negroponte acabou custando US$ 200, mas, em maio, sua associação sem fins lucrativos, One Laptop Per Child (Um laptop para cada criança), anunciou que pretende lançar um tablet básico de US$ 99. Sibal recorreu aos estudantes e professores das universidades técnicas da Índia para criar o aparelho de US$ 35, depois de receber uma resposta "morna" de empresas privadas. Ele espera conseguir baixar o custo para US$ 10.

Mamta Varma, uma porta-voz do ministério, disse que a redução dos custos do hardware e o design inteligente tornam o preço sugerido plausível. O tablet não tem disco rígido, mas usa um cartão de memória, semelhante ao de um celular. O seu design reduz o custo do hardware, e o uso de software de fonte aberta também contribui para torná-lo mais econômico.

Publicidade

Varma disse que várias indústrias globais, e pelo menos uma de Taiwan, se mostraram interessadas na produção do aparelho de baixo custo, mas ainda não foi concluído nenhum acordo de produção ou distribuição. A porta-voz não quis identificar as companhias.

A Índia planeja subsidiar o custo do tablet para os seus estudantes, para que o preço de compra possa chegar a cerca de US$ 20. "Dependendo da qualidade do material que está sendo usado, certamente será plausível", afirmou Sarah Rotman Epps, analista da Forrester Research. "A questão é: será suficientemente bom para os estudantes?" A lucratividade também é um problema para uma máquina de US$ 35.

Aceitação

Segundo Sarah, os subsídios do governo ou a dupla comercialização – em que os preços mais altos nas vendas realizadas no mundo desenvolvido são usados para subsidiar as vendas a baixo custo em mercados como a Índia – podem convencer um fabricante a aceitar a empreitada e viabilizar o projeto.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Esta e outras iniciativas semelhantes – como os tablets Kakai Kno e Entourage Edge – mostram que existe uma demanda global para um aparelho a preço acessível que permita reduzir os custos elevados dos textos, disse a analista.

Se isso funcionar, Sarah prevê que o aparelho poderá finalmente conscientizar o setor da necessidade de baixar os custos. "Há uma pressão sobre todos os fabricantes de aparelhos para que mantenham os custos baixos e procurem inovar", acrescentou.

O projeto faz parte de uma ambiciosa iniciativa na área de tecnologia da educação do governo indiano, que também quer introduzir a conectividade de banda larga da Índia em 25 mil faculdades e 504 universidades e tornar o material de estudo acessível online. Até o momento, foram conectadas cerca de 8,5 mil faculdades, e cerca de 500 cursos pela internet e por vídeo foram carregados no YouTube e em outros portais, informou o Ministério de Desenvolvimento de Recursos Humanos. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.