Todos os indicadores industriais do mês de abril apresentaram recuo, com exceção do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 4, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). As vendas reais, que medem o faturamento da indústria, tiveram uma queda de 1,9% na comparação com março, em termos dessazonalizados, e de 10,7% ante abril de 2008.
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No acumulado do primeiro quadrimestre, as vendas registraram queda de 8,4% em relação ao mesmo período do ano passado. As horas trabalhadas na indústria apresentaram recuo de 0,1% ante março e de 10% na comparação com abril de 2008. No acumulado de janeiro a abril, o indicador mostra uma queda de 7,7% ante igual período de 2008.
O emprego na indústria recuou pelo sexto mês consecutivo em relação ao mês anterior pelos dados dessazonalizados, registrando queda em abril de 1,1%. Essa é maior taxa negativa no emprego em seis anos. Comparado a abril de 2008, o número de postos de trabalho caiu 3,6%. No acumulado do ano, a queda do emprego foi de 2%.
A massa salarial registrou uma queda de 2,7% em abril ante abril de 2008, a segunda redução consecutiva este ano em relação ao mesmo mês do ano anterior. A CNI não divulga os dados dessazonalizados da massa salarial em função da série histórica curta. Sem os ajuste sazonais, a massa salarial teve queda de 2,9% ante março.
A CNI destaca que os indicadores industriais de abril interrompem os sinais ainda que tênues de recuperação da atividade industrial registrados nos dois meses anteriores. "O resultado de abril sugere que a indústria passa por um processo de transição entre a abrupta queda registrada no quarto trimestre de 2008 e uma recuperação que ainda não está delineada", diz o documento da CNI.
Capacidade
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada na Indústria no mês de abril registrou um crescimento de 0,4 ponto porcentual na comparação com março, atingindo, pelos dados dessazonalizados, 79,2%. Essa é a terceira alta seguida do indicador. Em março de 2009, o Nuci foi de 78,8% e, em abril de 2008, 83%.
A CNI destaca que, embora em relação a abril de 2008 tenha havido um recuo, de 3,8 pontos porcentuais em relação a abril de 2008, essa diferença é menor do que a registrada em março, que foi de 4,4 pontos porcentuais ante março de 2008. A média do Nuci de janeiro a abril de 2009, segundo a CNI, é 4,7 pontos porcentuais inferior à registrada no mesmo período de 2008.
O gerente executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, disse que o crescimento no Nuci em abril é uma sinalização de que a indústria pode estar encerrando seus estoques. "Aparentemente, esse ciclo está sendo encerrado. Isso é bom porque qualquer melhora na demanda que vier será transferida para a produção", avaliou. Em abril, a capacidade instalada ficou em 79,2% ante 78,8% em março.
Recuperação
O gerente da CNI afirmou acreditar que só haverá uma recuperação no segundo semestre deste ano. Segundo ele, isso poderá ser percebido quando os indicadores industriais mostrarem uma recuperação mês a mês em relação ao mês anterior. Ele avaliou que, em qualquer comparação que se faça com períodos de 2008 ficará negativa no segundo e no terceiro trimestres, já que o pico da atividade econômica em 2008 ocorreu nesses trimestres.
O economista disse acreditar que os indicadores já deverão ser positivos no último trimestre de 2009 em relação ao último semestre do ano passado, quando a base já estava mais fraca. Mas essa recuperação no final deste ano não anulará o resultado negativo que deve ser registrado no ano de 2009.
"Já rodamos um terço do ano muito aquém do resultado do ano passado", comentou. Castelo Branco disse que a previsão da CNI para o PIB industrial em 2009 é de uma queda de 2,8%. Esse número só será revisado após a divulgação do resultado do primeiro trimestre de 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O economista da CNI disse que a recuperação no segundo semestre ocorrerá como efeito das medidas de estímulo ao crédito adotadas pelo governo no final do ano passado e início deste ano e pela redução das taxas de juros da economia, além da política expansionista do governo, que reduziu a meta de superávit primário.
Texto atualizado às 14h43