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Instabilidade no Brasil não será eterna, diz executivo da Airbus

Presidente da companhia para America Latina e Caribe, Rafael Alonso afirma que aviação é resistente a qualquer tipo de crise

Por Victor Aguiar
Atualização:

CANCÚN - Apesar do cenário de turbulência econômica e instabilidade política verificada no Brasil, o mercado de aviação é resistente a crises e, desta maneira, é necessário ter uma visão de longo prazo em relação ao País. A afirmação é do presidente da Airbus America Latina e Caribe, Rafael Alonso.

Um Airbus A350 da Qatar Airways; executivodiz se sentir 'confortável' com aéreas brasileiras Foto: Edgar Su/Reuters

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Em entrevista ao Estadão/Broadcast, ele se disse confortável com Azul, Avianca Brasil e Latam, as três companhias aéreas nacionais que utilizam aviões Airbus, afirmando que a empresa está aberta a novos consumidores que possam surgir na região.

Alonso está em Cancún para a 73ª Assembleia Geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

O atual panorama brasileiro, com instabilidades tanto na política quanto na economia, pode afetar os planos da Airbus para o Brasil, uma vez que as companhias aéreas têm enfrentado dificuldades nos últimos anos?

A aviação é resistente a qualquer tipo de crise. As pessoas precisam visitar suas famílias, sair de férias, viajar a negócios e a lazer. O que podemos notar, com nossa experiência, é que, independente de qualquer coisa, apesar da crise que vivemos no mundo todo, a aviação continuou a crescer.

É verdade que, em alguns momentos, em casos específicos, houve uma desaceleração, como no caso do crescimento no número de passageiros no Brasil, em que houve alguma desaceleração, mas isso é recuperável mais tarde, quando a crise acabar. A crise no Brasil não vai durar para sempre. Há problemas no momento. Eu estava vendo na TV, há turbulência com o governo Michel Temer. Mas vemos um futuro com perspectivas melhores.

Primeiro avião de linha chinês decola com êxitoO que a Airbus vê nos próximos 10 a 20 anos na América Latina, em termos de demanda de aeronaves? Quais os planos para a região? 

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Até agora, temos ido muito bem na América Latina. No momento, temos mais de 1 mil aeronaves vendidas, quase 650 aviões em operação e mais de 400 aeronaves a serem entregues nos próximos anos. Então, estamos bem estabelecidos na região.

Olhando para o futuro, o que vemos é que há demanda para mais de 2,5 mil aviões em toda a região ao longo dos próximos 20 anos. Considerando que temos, agora, uma base de mercado muito boa, esperamos continuar sendo os líderes de mercado.

No Brasil, a Azul, a Latam e a Avianca Brasil usam aeronaves Airbus. Vocês planejam expandir também para a Gol? Na América Latina, há conversas com outras companhias? 

No caso do Brasil, temos três consumidores muito bons, com um futuro muito promissor, e estamos muito confortáveis com as três empresas. Não temos a Gol como um consumidor, e não acho que teremos num futuro próximo.

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Na América Latina, novamente, estamos muito bem estabelecidos, com 21 clientes na região. Há potencial para novos negócios na área, e estamos falando com todas as possibilidades. É parte do nosso trabalho assegurar que o potenciais consumidores ou qualquer novo entrante na indústria saiba que temos o produto certo para eles.

Embraer vai desenvolver 'carro voador' com Uber Novos competidores entraram no segmento de aviação comercial nos últimos meses, principalmente empresas asiáticas. Eles representam um risco para as atividades da Airbus na América Latina? 

Nós damos boas vindas à competição. É bom para nós, pois nos torna melhores, é bom para a indústria, é bom para o passageiro. Eu não acho que todos vão sobreviver, há muitas empresas no mercado, mas algumas delas podem se tornar players no futuro. Temos a Boeing e a Airbus bem estabelecidas no mundo, então não vai ser fácil para eles.

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A Airbus vai inaugurar nesta quinta-feira (8) um novo centro de treinamento no Brasil, em parceria com a Azul. O que se pode esperar dessa nova instalação? 

Vamos esperar até quinta-feira para dar as notícias [risos]. Mas, o que eu posso dizer é: a Airbus identificou que há uma necessidade importante de pilotos na região. Na América Latina, há uma demanda por mais de 4 mil pilotos nos próximos 20 anos. Então, queremos estar próximos aos consumidores. Decidimos dedicar esforços aos centros de treinamento, e é por isso que abrimos um centro de treinamento no México. Estamos discutindo outras áreas, e na quinta-feira vamos inaugurar esse simulador com a Azul.

Há planos para a abertura de outras instalações ou investimentos no Brasil?

No Brasil, temos a Helibras, que produz helicópteros. Então, creio que já detemos uma presença forte no País, mas sim, dependendo da situação da economia, estamos abertos a aumentar essa presença. É um país importante na região, o maior em termos de aviação. 

*O jornalista viaja a convite da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês)

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