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Intenção de consumo das famílias cai 2,9% em janeiro

Segundo pesquisa da CNC, indicador interrompeu uma sequência de oito meses de alta

Por Alessandra Saraiva e da Agência Estado
Atualização:

O entusiasmo dos consumidores em compras esfriou em janeiro. É o que mostrou nesta terça-feira, 18, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) que anunciou a Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF-Nacional) do primeiro mês do ano. De acordo com a entidade, o indicador de Intenção de Consumo das Famílias caiu 2,9% em janeiro contra dezembro, interrompendo uma sequência de oito meses de alta.

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Para a CNC, o efeito sazonal de final de ano explica as oscilações entre um mês e outro. A entidade lembrou que, em dezembro, houve alta recorde de 3,1% no indicador. Ainda segundo a confederação, na comparação com janeiro de 2010, o indicador subiu 2,8% em janeiro deste ano.

Para a CNC, efeito sazonal de final de ano explica oscilações (Foto: Dida Sampaio/AE)

O índice é calculado a partir de entrevistas com 18.000 mil consumidores, dentro de uma escala até 200 pontos, sendo que resultados abaixo de 100 pontos são considerados pessimistas, e desempenhos acima de 100 pontos, otimistas. De acordo com a CNC, o indicador recuou de 143,4 pontos para 139,3 pontos de dezembro para janeiro.

Entre os sete subindicadores componentes do indicador, apenas dois não apresentaram recuo de dezembro para janeiro. É o caso do indicador de emprego (0,0%) e renda atuais (0,1%). Os outros cinco tiveram queda, no mesmo período. É o caso de perspectiva profissional (-3,5%); compra a prazo (-2,8%); nível de consumo atual (-3,9%); perspectiva de consumo (-5,0%); e momento para duráveis (-5,3%).

Intenção de compra em SP

O índice de consumidores que pretendem adquirir bens duráveis ou semiduráveis entre janeiro e março recuou 5,4 pontos porcentuais na comparação com o mesmo período de 2010, segundo pesquisa de intenção de compra no varejo divulgada nesta terça-feira pelo Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), e Felisoni Associados. Entre os 500 entrevistados, 71,8% informaram que devem ir às compras neste primeiro trimestre, ante 77,2% do mesmo intervalo do ano passado. Na comparação com o quarto trimestre do ano passado houve queda 4,4 pontos porcentuais.

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Segundo comunicado do Provar, a redução das intenções de compra do primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre do ano passado já era esperada, porém a queda na comparação com os três primeiros meses de 2010 "dá indícios de que os efeitos da política de contenção de demanda agregada já se fazem sentir." O levantamento ocorreu entre 3 e 13 de janeiro deste ano.

Perspectiva

O primeiro trimestre deste ano deve contar com um consumo ainda aquecido, impulsionado principalmente por famílias mais pobres; e uma tendência a um aumento no nível de inadimplência. A análise foi feita pelos economistas da CNC, Fábio Bentes e Bruno Fernandes.

Segundo Bentes, a queda de 2,9% no indicador de intenção de consumo das famílias em janeiro deste ano ante dezembro de 2010 foi a mais forte desde o início da pesquisa, em janeiro do ano passado. No entanto, ele comentou que este recuo é facilmente explicado por fatores sazonais. "Em dezembro, tivemos uma alta recorde na intenção de consumo (de 3,1%) por conta das compras relacionadas ao Natal. Em janeiro, o interesse por compras diminui naturalmente, por conta de uma alta expressiva já ocorrida em dezembro. Não há mais aquela euforia, devido ao pagamento do 13º salário", explicou.

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Bentes lembrou ainda que o ano de 2010 contará com vendas recorde no varejo. Ele comentou que o ano passado contou com condições muito favoráveis à intenção de compras, como benefícios fiscais estimulando as vendas de bens duráveis; e uma oferta mais ampla de crédito. "As vendas do varejo devem encerrar 2010 com alta recorde de 11,2%, nos dados apurados pelo IBGE (ainda não divulgados). Mas mesmo com a perspectiva de oferta mais restritiva de crédito este ano, por conta das medidas anunciadas pelo governo, as vendas do varejo em 2011 devem subir 8,3%", afirmou o especialista, acrescentando que esta estimativa também é muito boa. "Para se ter uma idéia, o recorde atual nas vendas do varejo é o de 2007, com alta de 9,7%. Ou seja, é muito próximo", disse. Ele argumentou que o mercado de trabalho continua, no início do ano, a apresentar bons resultados, com impacto positivo no poder aquisitivo do brasileiro.

Os aumentos no patamar de salário mínimo contribuíram para a continuidade da trajetória de alta no consumo entre os mais pobres. O técnico informou que, em janeiro, somente entre os pesquisados com ganhos até dez salários mínimos, o indicador de intenção de consumo das famílias subiu 9,6% contra dezembro - sendo que, no mesmo período de comparação, entre famílias com renda acima de dez salários mínimos, o índice caiu 2,6%.

Por sua vez, o economista Bruno Fernandes comentou que a inadimplência do consumidor deve subir no primeiro trimestre de 2011. Ele explicou que, no início do ano, o brasileiro costumeiramente conta com um nível maior de despesas, como pagamento de mensalidades escolares, material escolar e impostos como IPTU. Ou seja: o consumidor pode desviar recursos para pagar estas despesas, e deixar de pagar dívidas já tomadas. Ele comentou, no entanto, que ao longo do ano, o interesse do brasileiro por empréstimos deve recuar, devido a juros mais elevados - cenário influenciado pelas recentes medidas do governo, de aumento nos depósitos compulsórios. 

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(Texto atualizado às 12h46)

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