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Investidor deixou de lucrar milhões com o Instagram

Andreessen Horowitz investiu US$ 250 mil, mas não quis fazer novos aportes na empresa, vendida por US$ 1 bilhão ao Facebook 

Por Nicole Perlroth
Atualização:

Conhecido como o cofundador da Netscape que usou seus consideráveis recursos para financiar numerosas empresas iniciantes do Vale do Silício, Marc Andreessen é considerado um dos mais espertos investidores em tecnologia. Suas vitórias foram espetaculares: Skype, LinkedIn e, se tudo for bem, até o Twitter.

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A história do seu investimento no Instagram, vendido ao Facebook por US$ 1 bilhão, revela muito sobre o funcionamento do Vale do Silício numa efervescente área de empresas iniciantes que imitam ideias umas das outras e capitalistas investidores demasiadamente empolgados. A empresa dele, a Andreessen Horowitz, vai ganhar muito dinheiro com o Instagram, mas deixou de ganhar mais quando decidiu priorizar investimentos em uma concorrente.

Os fundadores da companhia, Andreessen e Ben Horowitz, tinham uma tese de investimento relativamente simples: num dado ano, 97% do lucro obtido sobre o capital de investimento provêm de apenas 15 empresas iniciantes. Andreessen e Horowitz recorreriam à sua vasta rede de contatos entre os jovens empreendedores para entrar nessas 15 empresas.

Entre os empreendedores acompanhados por eles estava Kevin Systrom, ex-funcionário do Google que estava desenvolvendo um aplicativo de check-in em diferentes estabelecimentos, semelhante ao Foursquare.

Em 2010, ele já tinha obtido US$ 250 mil com Steve Anderson, investidor da Baseline Ventures, mas estava longe de ter um produto para apresentar. Os sócios da Andreessen Horowitz deram uma olhada no protótipo de Systrom - que na época era chamado de Burbn - e decidiram investir US$ 250 mil.

Mas este se revelaria o único investimento que a Andreessen Horowitz faria no Instagram. O montante é irrisório perto do capital de investimento da empresa, de US$ 2,7 bilhões. Enquanto os demais investidores na ideia de Systrom dobraram a aposta a cada oportunidade, a Andreessen Horowitz acabou apostando contra a empresa.

Horowitz disse que, nos meses que se seguiram ao seu investimento inicial, ele e Andreessen conversaram esporadicamente com Systrom. Mas pessoas que acompanharam o trabalho da empresa iniciante disseram que os investidores raramente falavam com Systrom. Tais meses se revelaram cruciais: Systrom chamou um cofundador, Mike Krieger, e, juntos, os dois transformaram o Burbn naquilo que é hoje o Instagram.

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Eles convocaram uma nova reunião com a Andreessen Horowitz para informar à empresa seus avanços. Os sócios investidores não ficaram exatamente contentes com aquilo que viram. O produto da empresa era agora um aplicativo de compartilhamento de fotos para o iPhone. Eles tinham acabado de apostar seu dinheiro no Picplz, serviço concorrente de compartilhamento de fotos.

"Ficamos um pouco surpresos", recorda-se Horowitz. "Ele optou por transformar a empresa numa concorrente de outra empresa na qual já tínhamos investido." Subitamente, a Andreessen Horowitz se viu na estranha e conflituosa posição de ter dois produtos concorrentes em seu portfólio. Os sócios disseram a ambas que teriam de escolher entre elas e prometeram manter o contato.

Mas pessoas próximas à empresa dizem que aquilo que ocorreu a seguir provocou ressentimentos. Meses se passaram sem que houvesse comunicação entre as partes. Em novembro daquele ano, os cofundadores do Instagram descobriram, por meio de blogs de tecnologia, que Andreessen tinha liderado um investimento de US$ 5 milhões na concorrente, assumindo um lugar no seu conselho diretor.

Tratou-se de uma aposta calculada contra o Instagram, algo que deixou Systrom fora de si. Em novembro de 2010, Andreessen foi ao site de perguntas e respostas Quora para explicar sua decisão: "Conforme os produtos deles evoluíram e o Burbn se converteu no Instagram, eles acabaram oferecendo serviços muito parecidos, o que fez com que entrássemos num conflito de interesses que só poderia ser solucionado por meio de uma escolha, apostando no que mais parecia capaz de prosperar."

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Mas a Andreessen Horowitz descobriu que apostou na empresa errada. O Picplz precisou de seis meses e duas plataformas para atingir a marca de 100 mil usuários. O Instagram alcançou o mesmo público na sua primeira semana. A participação da Andreessen Horowitz na empresa foi diluída por uma rodada de investimentos de US$ 7 milhões naquele mês de fevereiro.

A participação da Andreessen Horowitz no Instagram pode chegar a US$ 100 milhões. É um lucro impressionante para um investimento de US$ 250 mil, embora a soma esteja US$ 200 milhões abaixo daquilo que a empresa poderia ter ganhado se tivesse insistido no Instagram.

O Picplz naufragou. Os fundadores do Picplz desistiram do projeto em julho, optando por vender o serviço à Sporcle, que desenvolve enquetes sobre variedades para a internet. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL  

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