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Investidor reage a novo plano de negócios, e BRF sobe mais de 12%

Proposta apresentada na sexta-feira animou o mercado; papéis da companhia voltaram ao patamar de R$ 20

Por Nayara Figueiredo
Atualização:

O novo plano de negócios anunciado na sexta-feira pelo executivo Pedro Parente, novo presidente da BRF, fez as ações da companhia dispararem no pregão desta segunda-feira, 02, da B3, a Bolsa paulista. Os papéis da companhia fecharam em alta de 12,28%, cotados a R$ 20,21. 

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A “freada para arrumação”, como definiu Parente, é vista como um afastamento da estratégia que vinha sendo adotada pela BRF nos últimos anos – sob a batuta de Abilio Diniz, ex-presidente do conselho da companhia –, mas analistas disseram ao Estadão/Broadcast que é necessário ter cautela para esperar que a iniciativa produza resultados concretos. 

Experiência de Parente em crises contou a favor Foto: REUTERS/Pilar Olivares

O plano – que prevê arrecadação de R$ 5 bilhões e redução do endividamento – pareceu muito otimista para parte do mercado. A proposta ainda prevê mudanças como a venda de unidades na Europa, na Tailândia e na Argentina, uma aposta nos mercados doméstico, muçulmano e asiático, e redução de 5% no quadro de funcionários. 

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Como parte do esforço para pôr a casa em ordem, a BRF anunciou nesta segunda a contratação, com o Bradesco, de nota de crédito à exportação no valor de aproximadamente R$ 1,1 bilhão, com juros semestrais e vencimento em 5 de junho de 2023.

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“Vemos a BRF começando a se movimentar para patamares mais confortáveis. Em um primeiro momento, a nova estratégia de Parente foi vista de maneira positiva. É provável que a estrutura produtiva melhore e gere eficiência para a companhia, mas a alavancagem financeira ainda exige atenção”, explicou Rafael Passos, analista da Guide Investimentos.

O histórico de Parente em casos de recuperação de empresas justifica o fato de o mercado ter recebido bem o plano de reestruturação, disse o JP Morgan. Porém, a instituição também alertou que “os investidores devem ser cautelosos diante dos desafios apontados pela empresa, por conta da pouca visibilidade quanto aos níveis de lucratividade que a companhia poderá atingir a longo prazo”.

Também em tom de cautela, os analistas do Morgan Stanley avaliam, em relatório, “que a estratégia é certa, mas os principais problemas enfrentados pela BRF permanecem sem solução”, disse. “Achamos que atingir essa meta (de arrecadar R$ 5 bilhões) dependerá da venda de negócios argentinos, que parecem gerar perdas.”

O analista da Guide também acredita que o desinvestimento deve começar pelas operações da Argentina. Para Passos, uma das opções é a venda de 34% de participação na Avex. 

Dívida. Ao alcançar a arrecadação de R$ 5 bilhões com as vendas de ativos, a meta de margem Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da BRF é chegar a 4,35 vezes em 2018 e 3 vezes em 2019. Na visão do Morgan Stanley, a desalavancagem dependerá, em última análise, do crescimento do Ebitda.

Os especialistas lembraram, porém, que a BRF vem perdendo poder de precificação nos últimos anos – o que dificultará esse caminho. / COM REUTERS

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