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Brasil cresce em ranking de investimento estrangeiro e retoma posição anterior à pandemia

Alta nos preços das matérias-primas e a redução das medidas sanitárias influenciaram resultado; País saltou da 24.º lugar em 2021 para o 22.º neste ano, mas ainda está bem longe dos patamares de uma década atrás

Por Lucas Agrela
Atualização:

O Brasil subiu duas posições no ranking de países que mais recebem investimentos do exterior, de acordo com o Índice de Confiança para Investimento Direto Estrangeiro, elaborado pela consultoria Kearney. O País saltou da 24.ª para a 22.ª posição no levantamento mundial, realizado em janeiro, enquanto sua nota subiu de 1,64 para 1,71. 

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Apesar do avanço, o Brasil ainda está muito longe de seus tempos “áureos” como destino de investimento estrangeiro – em 2012 e 2013, por exemplo, a nação ficou na terceira posição da lista. “Há bons sinais de recuperação, mas já estivemos lá em cima no ranking. À medida que a situação política e econômica do País piorou, a confiança do investidor caiu”, afirma Sachin Mehta, sócio da Kearney Brasil. “Ainda assim, o Brasil não é uma economia que o investidor possa se dar ao luxo de estar fora. É um mercado diferente, com riqueza natural e força em commodities.”

Em 2016, o País ocupava o 12.º lugar, caindo 13 posições em 2018 e saindo no ano seguinte do ranking (que contabiliza somente os 25 primeiros colocados). O País voltou à lista em 2020, na mesma posição que a atual (22.ª). Apesar de o País ter voltado a figurar na lista, isso pode refletir mais uma queda de outras nações do que um grande avanço brasileiro. Neste ano, a estimativa é de entrada de US$ 55 bilhões em capital estrangeior, abaixo dos US$ 69,2 bilhões de 2019.

Confiança do investidor estrangeiro melhora em 2022, mas País está longe do patamar de uma década atrás Foto: Abdallah Dalsh/Reuters

Os motivos para o avanço do País em 2022 são o aumento dos preços de matérias-primas e a redução de restrições para conter a covid-19. Esses fatores fizeram o Brasil crescer no cenário econômico internacional mesmo com desafios como a alta da inflação, a explosão dos juros e as eleições presidenciais. Segundo análise da XP Investimentos, os principais investidores da Bolsa brasileira em 2022 são investidores estrangeiros (53%), instituições (25,4%) e pessoas físicas (16,5%). 

O Brasil é uma das quatro economias emergentes no ranking da consultoria. China (10.º lugar), Emirados Árabes (14.º) e Qatar (24.º) também aparecem na lista de 25 países. O levantamento não considera a guerra entre Rússia e Ucrânia, mas a consultoria diz que, hoje, o País poderia ter subido até três posições diante do conflito, que colocou o Brasil em um contexto mais atrativo para o investidor. 

O que os investidores buscam

Baixa corrupção, transparência e estabilidade regulatória foram as principais características comuns entre os países no topo do ranking, feito com base em entrevistas com executivos de empresas com receita anual superior a US$ 500 milhões de diversos setores, em 30 países. Capacidade tecnológica, taxa de juros, facilidade de retirada de investimentos e direitos de propriedade do investidor foram os demais itens mais apontados como importantes no relatório.

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Pelo 10.º ano consecutivo, os Estados Unidos lideraram a lista. Alemanha e Canadá completam o “pódio” deste ano. Japão e Reino Unido ocupam, respectivamente, a quarta e quinta posições. A região das Américas é vista com mais otimismo do que em 2021 por metade dos investidores entrevistados no levantamento da Kearney. Segundo o relatório, 40% acreditam que o otimismo não mudou e 10% se disseram pessimistas. 

Critérios ESG

O relatório aponta que as estratégias ESG, compostas pelos pilares de meio ambiente, social e governança corporativa, são parte dos compromissos de 94% das empresas. A maioria (89%) vê que tais práticas oferecem vantagens competitivas aos negócios, por reduzir problemas na cadeia de suprimentos e aumentar a produtividade. 

Quase três quartos dos entrevistados (73%) disseram que as práticas ESG ganharam força nos últimos três anos e 67% afirmaram que a pandemia acelerou os prazos de adoção das estratégias. A estimativa é de que mais da metade (54%) tenham implementado integralmente as práticas planejadas dentro dos próximos dois anos. “A pressão por ESG nas empresas vem do investidor. A dúvida é qual item priorizar. No Brasil, o maior peso é em temas ambientais”, diz Mehta.

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