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Bradesco, Itaú e Santander estão na briga para comprar o HSBC Brasil

Segundo fontes, o Bradesco está disposto a pagar até R$ 10 bilhões, superando as propostas de Itaú e Santander; os três bancos passaram para a próxima fase de negociação

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Por Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:
HSBC ocupa apenas a 6ª posição entre maiores bancos do Brasil Foto: Reuters

Texto atualizado às 19h20

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O Bradesco está disposto a pagar até R$ 10 bilhões para adquirir o HSBC no Brasil, superando o apetite de Itaú Unibanco e Santander, de acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Os três enviaram propostas, há cerca de duas semanas, dentro do intervalo sugerido pelo Goldman Sachs, assessor da operação, de R$ 8 bilhões a R$ 12 bilhões e foram para a fase seguinte da disputa pelo ativo.

Ao oferecer o maior lance, o Bradesco dispara como favorito a levar o ativo. O Santander, que precisa acelerar sua expansão no Brasil para ter mais escala, ficou próximo e teria, conforme fontes, ofertado entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões pelo HSBC. Já o Itaú, de acordo com as mesmas fontes, teria ofertado R$ 8 bilhões, no piso do intervalo.

Na semana que vem, segundo um executivo do mercado, começam as apresentações com os três bancos que foram para a reta final da disputa. Apesar do grande interesse dos estrangeiros de entrarem no Brasil, principalmente, os chineses, nenhum passou para essa etapa. Quem vencê-la vai para a final para negociar o HSBC Brasil com exclusividade, quando ocorre o processo de due diligence (investigação e auditoria das informações).

Em jogo, estão cerca de R$ 168 bilhões em ativos e um patrimônio líquido de R$ 9,732 bilhões. Vai pesar nas negociações, de acordo com executivos com conhecimento no assunto, principalmente, o preço. Fontes acreditam que o momento que o HSBC Brasil atravessa, com rentabilidade negativa e com necessidade de ajustes em sua operação de varejo, tende a pressionar o valor para baixo. Há ainda a incógnita de quem arcará com os custos das demissões que geralmente ocorrem em processos de M&A (fusão e aquisição, na sigla em inglês).

Para o Bradesco, adquirir o ativo significa eliminar a distância de ativos erguida em relação ao seu principal concorrente, o Itaú desde a fusão com o Unibanco. Se o comprasse, considerando dados do primeiro trimestre, ultrapassaria R$ 1,2 trilhão em ativos, perto do R$ 1,295 trilhão do Itaú ao final de março. "Acho muito difícil o HSBC Brasil aceitar uma proposta de um concorrente em outros países", opina uma fonte.

O analista de um banco estrangeiro adverte, porém, que os gastos que o Bradesco teria para arrumar o HSBC no Brasil como fechamento e repaginação das agências, já que muitas se sobrepõem, e custos com a demissão de pessoas tornam o negócio bem menos atrativo. Além disso, há ainda, conforme ele, o risco de perda de clientes pelo fato de muitos possuírem conta no Brasil para transacionar recursos para contas em outros países.

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Já para o Santander, conforme fontes de mercado, faria mais sentido comprar o HSBC Brasil uma vez que a sobreposição de rede física seria menor e o banco quer acelerar seu crescimento no País. Por este ângulo, a aquisição de outro banco faria mais sentido. O espanhol chegou ao Brasil em 1982 e o pulo do gato por aqui foi em novembro de 2000 ao pagar R$ 7,5 bilhões pelo Banespa. Depois disso comprou o ABN AMRO, que por sua já havia consolidado Real, Sudameris e América do Sul.

As condições de uma aquisição, porém, podem mudar até na reta final. Uma fonte de Nova York diz que um dos três bancos que foram para a próxima fase não teria verdadeiro interesse em comprar o HSBC Brasil e estaria somente fazendo pressão no preço. Neste cenário, se Bradesco, com o lance maior, e Santander não avançarem, o Itaú, como atenta outra fonte, compraria o HSBC no piso do preço sugerido e com o benefício de quase R$ 2 bilhões abaixo do valor patrimonial do banco.

Além dos três grandes bancos locais, estrangeiros e ainda o BTG Pactual teriam olhado os números do HSBC Brasil. O processo de venda do banco está sendo assessorado pelo Goldman Sachs e a expectativa é que esteja concluído, conforme fontes, em agosto.

Há cerca de duas semanas, o HSBC admitiu, pela primeira vez desde o início dos rumores, que avaliava opções estratégicas, inclusive a venda, da sua unidade brasileira. Tal confirmação ocorreu após tanto o Santander como o Itaú Unibanco confirmarem que estudavam fazer uma proposta pelo ativo. Procurados, Bradesco, Itaú, Santander e HSBC não comentaram.

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