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Janela para operações de empresas de tecnologia na bolsa pode reabrir em 2023, diz Itaú BBA

Para 2022, o banco acredita que apenas empresas maduras, com modelo de negócio estável, emplacarão ofertas, e que isso deve se restringir a follow ons, ou seja, a oferta de empresas já presentes na Bolsa

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Por Matheus Piovesana (Broadcast)
Atualização:

A janela para operações no mercado de capitais por empresas de tecnologia pode se reabrir no começo do ano que vem, a depender do desempenho da economia local. A avaliação é de Fábio Villa, diretor comercial do Itaú BBA responsável por empresas de diversos portes e pelo setor de tecnologia.

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"Pode ser que no ano que vem, no primeiro trimestre, tenha uma janela no mercado doméstico", disse ele ao Broadcast. "Quando tiver, os valuations (avaliações de mercado) não vão voltar ao que eram antes, porque havia um overshooting (movimento forte), mas vai ter janela de novo." Segundo ele, o desempenho da economia será importante para que as operações voltem.

Para 2022, ele engrossa o coro dos que acreditam que apenas empresas maduras, com modelo de negócio estável, emplacarão ofertas, e que isso deve se restringir a follow ons, ou seja, a oferta de empresas já presentes na Bolsa. "Esse ano é extremamente complexo. Tem a indefinição da guerra, e uma dispersão de preço sem muito fundamento", diz, acrescentando que o cenário eleitoral naturalmente trava o mercado.

Para Itaú BBA, as oportunidades para operações de empresas de tecnologia na bolsa ficará só para 2023 Foto: Werther Santana / Estadão

A Bolsa brasileira vive uma escassez de operações. A megaoferta da Eletrobras, que privatizou a empresa e movimentou R$ 34 bilhões, foi uma exceção. Ao contrário de 2021, quando dezenas de empresas emplacaram aberturas de capital, a B3 não teve IPOs neste ano.

Essa seca, provocada pela alta dos juros em todo o mundo diante da inflação acelerada, atingiu em cheio as empresas de tecnologia. Algumas que venderam ações desde 2020 caem até 80% nos últimos 12 meses. Para aquelas com capital fechado, ficou mais difícil obter recursos.

Villa afirma que o aperto monetário reduziu as fontes de financiamento, mas diz que os últimos dois anos fugiram à regra: normalmente, o retorno sobre o capital investido nas techs leva de três a quatro anos, e não de um a dois. "O que aconteceu nos últimos dois anos é que não necessariamente a tese era boa, mas o mercado era grande."

Por outro lado, discussões de fusões e aquisições estão fortes. "Quem captou dinheiro via equity não está olhando para follow on, mas para oportunidades de consolidação dos mercados. Tem muita discussão de M&A (fusões e aquisições)", diz. Empresas de tecnologia em educação e saúde e plataformas de e-commerce estão entre as principais interessadas.

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Dívida de risco

Segundo ele, o momento aumentou a procura por outras formas de financiamento, como a dívida de risco, ou venture debt, que o BBA começou a oferecer neste ano. O objetivo do banco é atingir R$ 300 milhões em operações até o fim do ano. Já foram concedidos cerca de cinco empréstimos, com tíquete médio de até R$ 15 milhões.

O BBA concede os empréstimos tanto a empresas de tecnologia quanto a companhias tradicionais que busquem financiar inovações. Para as startups, há a vantagem de não precisar captar com equity em um período de avaliações pressionadas. "Eu adio uma rodada para acelerar e não deixar essa empresa inerte. Ou à espera de uma janela em que o valuation seja melhor", afirma Villa.

A carteira de venture debt (empréstimo de risco) do banco contempla dinheiro para investimentos por parte das empresas de tecnologia. O filtro é claro: a empresa precisa ter tese de negócios comprovada, um produto com escala e um mercado potencial grande.

Para necessidades do dia a dia, como folha de pagamento, o banco tem uma carteira de cerca de R$ 6 bilhões. "Boa parte das fintechs está com a gente. Somos o maior originador de FIDC (fundo de investimento em direitos creditórios) do mercado", diz.

 Atualmente, o BBA cobre 1,4 mil empresas de tecnologia, que se unem na carteira a outras 16 mil empresas tradicionais. Cerca de 110 pessoas estão direcionadas aos negócios, e a ideia do banco é não só conceder crédito e assessoria, mas também gerar negócios entre clientes.

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