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Juros reais ainda são altos na comparação internacional, diz Mantega

Ministro da Fazenda disse que taxa real é 'é baixa em relação ao Brasil, mas alta em relação a outros países'

Por Marina Guimarães
Atualização:

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem (19) à noite, em Montevidéu, onde participa da Cúpula do Mercosul, que a taxa de juro real no País "é baixa em relação ao Brasil, mas alta em relação a outros países". Segundo ele, "temos espaço para iniciativas". Mantega descartou qualquer risco de recessão. "Não há risco de recessão no Brasil. Nunca ouvi falar que crescimento de 3%, 3,5% fosse recessão", disse ele à imprensa, logo após reunião com outros ministros da Fazenda do Mercosul. "O que houve foi uma desaceleração, mas já estamos em trajetória de crescimento."

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Mantega também confirmou que "está sendo discutida uma lista com cem novos itens a serem taxados com a tarifa máxima da TEC (Tarifa Externa Comum), de 35%", como forma de proteção para a indústria regional contra uma invasão de produtos de países de fora do Mercosul. Segundo ele, a elevação da TEC para bens de capitais e produtos químicos, que têm sido prejudicados pela inundação de importações, dificultaria a entrada de produtos nesses setores. "A Argentina pede uma lista de mais 200, além dos 100 existentes, e nós queremos mais 100. Estamos negociando", disse.

Mas o martelo será batido pelos presidentes dos países do bloco, que se reúnem hoje na sede da Secretaria Executiva do Mercosul, na capital uruguaia. Uma das dificuldades para chegar a um acordo é a exigência do Uruguai para que a Argentina dê garantias de livre trânsito para suas mercadorias na fronteira. O governo de José "Pepe" Mujica está usando a necessidade argentina de elevar a TEC para negociar redução de barreiras da Argentina para as importações.

A presidente Dilma Rousseff tinha chegada prevista a Montevidéu às 11h30. Ela se encontrará com seus colegas da Argentina, Cristina Kirchner, do Paraguai, Fernando Lugo, e o anfitrião uruguaio, José Mujica. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, também é esperado, segundo o chanceler uruguaio, Luis Almagro.

Preocupação

Uma das grandes preocupações dos sócios do Mercosul é que a China redirecione para a região as mercadorias que não conseguirá vender nos mercados europeu e o norte-americano. De acordo com Mantega, os ministros fizeram no encontro de ontem "uma avaliação da crise internacional e sua repercussão nos países latino-americanos e, por enquanto, não viram repercussões maiores porque no Mercosul os países em sua maioria são exportadores de commodities e as commodities até agora estão indo bem".

Porém, Mantega reconheceu que existe temor de que a crise continue se agravando, o que poderia provocar um impacto grave no crédito para os países da região. "Haverá dificuldades maiores dos países avançados e o que preocupa é que a tendência pode afetar o crédito", disse. Nesse sentido, Mantega e seus colegas discutiram mecanismos de "retaguarda financeira" para o caso de a crise internacional se aprofundar, como reforçar o sistema do Fundo Latino-Americano de Reservas (FLAR) e acelerar o processo de criação do Banco do Sul. O Brasil foi o único país que ainda não aprovou a criação da instituição. Também se discute o mecanismo de swap de moedas entre os países, como o usado pelos países da Ásia. 

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