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Leite: País tem condições de ser um dos líderes mundiais, diz Jank

Por Agencia Estado
Atualização:

Brasília, 15 - O Brasil tem condições de ser, nos próximos anos, um dos líderes no mercado mundial de leite, ao lado de Austrália, Nova Zelândia e Argentina, na opinião do presidente do Instituto Ícone, Marcos Sawaya Jank. Ele disse que essa também foi a avaliação de representantes de duas dezenas de países produtores de leite que participaram de uma reunião ocorrida nesta semana em Campinas. Segundo os participantes, a União Européia, hoje maior exportadora do produto, tende a sair do mercado após a eliminação dos subsídios prevista na reforma da Política Agrícola Comum (PAC) e na rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em 20 anos, os grandes fluxos de leite estarão saindo da América do Sul e da Oceania para a Ásia. "Por isso é que eu acho um absurdo deixar o leite de fora do acordo entre o Mercosul e a União Européia", disse ele, referindo-se à pressão que vem sendo feita pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário sobre o Itamaraty. Entidades representativas dos pequenos produtores e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, reuniram-se ontem com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e classificaram a proposta do Mercosul à União Européia de "entreguista". Eles querem que o leite seja excluído do acordo, para evitar a queda nas tarifas de importação do produto cobradas pelo Brasil. "Não tem o menor cabimento deixarmos o leite de fora do acordo, porque, se as tarifas caírem dos dois lados, o fluxo de leite será daqui para a Europa, e não o contrário", afirmou Jank. Ele disse que o custo do leite europeu é de duas a três vezes maior do que o brasileiro, o que só é compensado com pesados pagamentos de subsídios aos produtores. "O ideal é prever um mecanismo de compensação dos subsídios enquanto eles existirem, tal como está na proposta do Mercosul", disse. Na sua avaliação, o pequeno produtor será o primeiro a ser beneficiado caso o Brasil passe a ser um grande exportador de leite. "O ganho decorrente de um maior acesso ao mercado europeu é muito maior do que o de manter a proteção", comentou. "Chega a ser irônico o Brasil, que está na posição de poder ser um grande player no mercado mundial, não fazer uma abertura para proteger o mercado interno." Ele lembrou que o potencial de crescimento do País é reconhecido até por seus concorrentes. Empresas da Nova Zelândia já estão investindo aqui, de olho nas perspectivas para os próximos anos. No caso do leite, o desejo de abrir o mercado local para ter melhor acesso ao mercado europeu é compartilhado pelo Uruguai. Durante a elaboração da proposta do Mercosul, os diplomatas brasileiros até pensaram em manter alíquotas de importação mais elevadas para o leite. No entanto, os uruguaios pressionaram pela abertura e acabou-se chegando a um meio termo. Foi mantida a proteção apenas para o leite em pó integral. O MDA, porém, acha essa proteção insuficiente e calcula prejuízos da ordem de R$ 2,12 bilhões ao ano para o produtor.

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