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Linhas aéreas crescem na A. Latina mesmo com alta de combustível

Por TODD BENSON E CHRIS AS
Atualização:

O desempenho das principais companhias aéreas da América Latina continua forte, mesmo com a disparada do preço do combustível, devido ao crescimento do tráfego de passageiros puxado pela expansão das economias da região. Do Chile ao México, as viagens aéreas crescem com a chegada do crescimento econômico à maioria da população, permitindo que milhões possam viajar pela primeira vez. Graças ao salto na demanda, ao corte feroz de custos e às tarifas geralmente exorbitantes, as principais linhas da América Latina ou estão lucrando ou chegando perto da lucratividade --diferentemente do resto do setor, que sofre com prejuízos. No Brasil, onde dois acidentes e uma crise de tráfego aéreo em menos de dois anos fizeram pouco para esfriar o mercado da aviação, companhias estrangeiras e novos atores aparecem para participar da festa. Nos últimos meses, a alemã Lufthansa, a LAN Peru e a TAP Portugal assinaram acordos de code-share com a TAM, principal empresa aérea do Brasil. A KLM Royal Dutch Airlines e a Air France não ficaram atrás e assinaram com a arquirrival da TAM, a Gol. Além disso, no mês passado, o fundador da JetBlue Airways, David Neeleman, divulgou planos para abrir uma nova companhia de baixo custo no Brasil. A previsão de início dos vôos é para 2009. "O Brasil é o mercado de aviação mais importante da América Latina, e se ele não tivesse fundamentos atraentes no longo prazo, nós não veríamos essas companhias internacionais martelando a porta para poder entrar", disse Stephen Trent, analista do setor aéreo do Citigroup, em Nova York. Mesmo assim, o Brasil não está imune aos problemas que afligem o setor nos Estados Unidos, onde as linhas aéreas estão sob pressão de fusão para cortar custos e melhorar a receita. Em novembro, a BRA entrou em colapso depois que sua receita não cobriu o aumento dos custos. Neste mês, a OceanAir suspendeu vôos para o México, e a Varig --comprada pela Gol no ano passado-- cancelou todas as rotas para Europa e México. As duas culparam o aumento do preço dos combustíveis. A TAM e a Gol, que comandam mais de 90 por cento do mercado brasileiro de aviação, também viram redução do lucro nos últimos trimestres. Mas as duas continuam lucrativas mesmo com a disparada do combustível, com ganho em 2007 de 264,5 milhões de dólares da TAM e de 52,6 milhões de dólares da Gol. Isso contrasta com os Estados Unidos, onde a Delta Air Lines e a Northwest Airlines anunciaram prejuízo conjunto de 10,5 bilhões de dólares no primeiro trimestre por causa dos combustíveis. LAN VOA ALTO, MÉXICO DECOLA A chilena LAN Airlines e a panamenha Copa Airlines também estão ganhando dinheiro, e muito. O lucro líquido da LAN subiu 28 por cento no ano passado, para 308,3 milhões de dólares, e a Copa Holdings, matriz da Copa e da colombiana Aero Republica, teve lucro recorde de 160,4 milhões de dólares. A LAN, cuja unidade de cargas ajudou a compensar oscilações negativas no tráfego de passageiros, estimulou a demanda com a redução das tarifas de curta distância e manteve um olho nos custos com a adoção de aviões mais eficientes em combustível e o corte de mimos como refeições grátis e jornais. A empresa também amorteceu o impacto da alta do combustível com a adoção de uma sobretaxa sobre os clientes de cargas. No México, o mercado de aviação é bem mais abarrotado. Cerca de 12 linhas operam, metade delas são companhias de baixo custo que foram fundadas nos últimos dois anos, e a maioria provavelmente ainda seria lucrativa se não fossem os combustíveis e a saturação do mercado. Tradicionalmente, os céus do México foram dominados pela Aeromexico e pela Mexicana, antigas estatais que foram privatizadas nos últimos anos. Elas ainda são as duas principais companhias, mas outras como Volaris e Alma já colaram em seus calcanhares. Como as empresas brasileiras, as mexicanas se beneficiam do aumento do tráfego de passageiros, que passaram a voar em vez de viajar de ônibus. O tráfego está crescendo a uma taxa de dois dígitos tanto em vôos internos como nas rotas para os Estados Unidos. "O México é um país modelo, com as empresas de baixo custo e as duas empresas herdadas do governo expandindo o mercado e aumentando o tráfego com novos passageiros", disse Bob Booth, especialista em aviação e presidente da AvGroup, em Miami. Uma indicação do crescimento do mercado é a velocidade em que as companhias mexicanas estão ampliando as rotas. A Mexicana vai começar a voar de Monterrey para Nova York em maio, e de Cidade do México para Edmonton, no Canadá, em junho. A Aeromexico vai iniciar um serviço para a China no ano que vem, e as empresas de baixo custo também lançam vôos domésticos e para os Estados Unidos. Mas a grande quantidade de empresas também significa que a consolidação pode estar no horizonte. "Vamos ver algum tipo de consolidação, com fusões e aquisições", disse Booth.

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