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L'Oréal libera aquisição da The Body Shop pela Natura

Contrato deve ser assinado em Londres no próximo dia 26; negócio de € 1 bilhão ainda está sujeito à aprovação de órgãos reguladores

Por Marcio Rodrigues
Atualização:

A Natura informou nesta terça-feira, 20, por meio de fato relevante, que a L’Oréal concluiu de maneira favorável o processo de consulta ao seu conselho de empregados com relação à venda de 100% das ações de emissão da The Body Shop International e seu grupo de subsidiárias.

The Body Shop está nas mãos da francesa L'Oreal há 11 anos. 

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Assim, a Natura e a L'Oreal pretendem firmar um contrato de compra e venda de ações de emissão da The Body Shop, cuja assinatura está prevista para ocorrer no próximo dia 26 de junho de 2017, em Londres. 

"O fechamento da operação de aquisição da The Body Shop permanece condicionado às aprovações regulatórias aplicáveis, notadamente no Brasil e nos Estados Unidos da América", destaca a Natura no comunicado.

A Natura fez, no começo deste mês, uma oferta firme que estima o valor da The Body Shop em € 1 bilhão (US$ 1,12 bilhão). O negócio, porém, não foi bem recebido por analistas. O maior receio dos investidores está no que vai acontecer com o endividamento da companhia após a aquisição.

VEJA TAMBÉM: Natura vê espaço para expandir The Body Shop na América Latina

A The Body Shop pode representar uma "grande distração" para a companhia brasileira, na avaliação dos analistas do JPMorgan Joseph Giordano, Olivia B. Petronilho e Nicolas Larrain. Na opinião deles, divulgada em relatório logo após o anúncio da oferta feita pela Natura, a integração do ativo pode desviar atenção das iniciativas que a brasileira já vinha implementando de diversificação de canais.

A Natura anunciou que financiará a aquisição por meio de dívida, mas o mercado considera que a companhia de cosméticos poderia optar por uma emissão de ações no futuro para equilibrar seu balanço. Em relatório, o analista do Deutsche Bank, Marcel Moraes, considerou que o negócio poderia elevar o endividamento da Natura para perto de 3 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

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O Deutsche já calculou que a elevação do endividamento da Natura deve gerar despesas financeiras líquidas da ordem de € 35 a 40 milhões de euros por ano. Para Moraes, essas despesas tenderiam a ofuscar a contribuição operacional positiva do novo negócio.

Otimismo. Ao anunciar a oferta, o presidente da Natura, João Paulo Ferreira, considerou que a aquisição da rede The Body Shop representa um "passo decisivo" para a internacionalização da empresa, que passará a ter presença em 70 países. Em teleconferência, o executivo deu poucos detalhes sobre os planos para o negócio cuja compra está em fase de conclusão, mas avaliou que a marca vai complementar a atuação da Natura.

Além da internacionalização, Ferreira destacou como objetivos da transação a aquisição de uma marca cujo ideal de negócios converge com o da Natura. Ele mencionou aspectos quanto a crença de desenvolvimento social e sustentável. O presidente da Natura avaliou ainda que o negócio traz complementaridade de canais, com o desenvolvimento do varejo e relações com franqueados.

Ferreira, que considerou o anúncio da negociação com a L'Oreal como "um dia histórico" para a Natura, disse que The Body Shop continuará como uma marca independente - assim como a australiana Aesop, comprada pela Natura em 2013.

A integração levará a Natura a um faturamento consolidado de R$ 11,5 bilhões, com 3,2 mil lojas. Apenas no Brasil The Body Shop possui 133 lojas.

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