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Lucro de Itaú, Bradesco e Santander sobe 7,8% no primeiro trimestre, a R$ 18,2 bilhões

O maior crescimento dos ganhos veio do Itaú, mas os três bancos tiveram avanços nas margens com os clientes, apesar de apresentarem tendências diferentes entre si

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Por Matheus Piovesana (Broadcast)
Atualização:

Os três maiores bancos privados brasileiros expandiram em 7,8% seus lucros entre o primeiro trimestre de 2021 e o mesmo período deste ano, de acordo com levantamento feito pelo Broadcast. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil avançaram nas margens com clientes, que refletem seus ganhos com empréstimos, mas mostraram tendências diferentes em seus balanços.

O maior crescimento no lucro veio do Itaú, que assim como os rivais, viu suas margens e receitas com serviços avançarem. As tendências são fruto de um cenário em que as instituições repassaram a alta dos juros, hoje em 12,75% ao ano, para os clientes, mudaram o perfil de suas carteiras de crédito rumo a empréstimos mais arriscados e se beneficiaram da reabertura da economia.

Santander, Bradesco e Itaú Foto: Santander/Divulgação e Daniel Teixeira/Estadão

É um cenário totalmente diferente do primeiro trimestre de 2021. Naquele momento, a Selic estava em 2% ao ano, comprimindo as margens. Além disso, a segunda onda da pandemia da covid-19 reduzia o uso de cartões e uma série de outras operações bancárias, deprimindo as receitas. "A palavra que resume o resultado do nosso trimestre é consistência. Tivemos um trimestre com consistência, forte, apesar de um cenário mais desafiador", disse o presidente do Itaú, Milton Maluhy, em coletiva para comentar os números do banco, divulgados nesta segunda-feira. Ao revelar seus guidances para o ano, em fevereiro, o Itaú havia indicado em partes o que se viu no balanço trimestral: uma tendência de desaceleração do crédito, em especial em linhas como o imobiliário, acompanhada de uma alta robusta nas margens. O Bradesco não fugiu ao roteiro, mas a composição dos resultados foi diferente.

Enquanto o Itaú viu suas margens crescerem por causa do perfil de risco da carteira, o rival da Cidade de Deus também se beneficiou do efeito mix, mas observou um spread (diferença entre custo de captação e juros cobrados nos empréstimos) mais alto. Foi esse efeito que fez com que o conglomerado mudasse as projeções para 2022, e que agradou ao mercado na sexta-feira. "A revisão do guidance traz um carrego positivo para 2023. Estamos conseguindo girar a carteira, que não é pequena, de uma Selic de 2% ao ano para uma Selic de 12%", afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, em teleconferência com analistas. O Morgan Stanley calculou que o novo guidance aponta que o banco pode lucrar até R$ 32,6 bilhões neste ano, 24% a mais que no ano passado. O Santander, único dos três que não fornece projeções ao mercado, também teve um forte crescimento de margens, mas apresentou tendências de qualidade de ativos vistas pelo mercado como mais desfavoráveis. O banco já colocou o pé no freio do crédito desde o final do ano passado, ao contrário dos rivais, e agora, viu sua carteira crescer menos, mas as provisões, na mesma proporção dos pares. "O crescimento menor que o do mercado foi articulado com o time", comentou o CEO do banco, Mario Leão, em coletiva de imprensa. "Inflação alta com juros subindo, a renda das famílias cai, as PMEs também. A gente viu esse quadro ficar muito claro em setembro, outubro", pontuou.Até qual ponto Os três bancos voltaram a afirmar que esperam que a inadimplência volte aos patamares de 2019 até o final deste ano, e desenharam um cenário em que a deterioração deve acontecer mais neste primeiro semestre. "No segundo trimestre, a inadimplência deve crescer de 10 a 20 pontos-base, e no segundo semestre, deve ter relativa estabilidade", afirmou Lazari, do Bradesco. Maluhy, do Itaú, disse que o aumento deve ser "suave", embora não tenha dado previsões mais precisas. Segundo ele, os atrasos antecedentes, de 15 a 90 dias, cresceram dentro do que se esperava no primeiro trimestre, que em geral é de maior pressão sobre o indicador. Ainda assim, destacou que o Itaú tem sido cauteloso. "O PIB não cresce tanto, a inflação está alta. As perspectivas não são tão positivas. Temos tido cautela", comentou o executivo. O Itaú teve o maior crescimento, entre os três bancos, nas despesas com provisões contra a inadimplência: subiram 69,5% em um ano, para R$ 6,968 bilhões. O Santander, que gastou 45,9% a mais com provisões, acredita que essa despesa deve se normalizar ainda neste ano, mesmo sem antever, até o momento, uma melhoria nos indicadores de inadimplência. "Acreditamos que a inflexão para menores provisões começa ao longo do ano", disse Leão, CEO do banco. O custo de crédito da operação brasileira é o maior de todo o Grupo Santander - assim como o lucro líquido trimestral.

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