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Lula avisa a OMC: ''não tem negócio''

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Por Redação
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Brasília, 28 - Às vésperas de uma viagem para discutir com dirigentes europeus o impasse nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que o Brasil não recua da posição assumida na semana passada, na Alemanha, de só falar de redução de tarifas de importação de bens industriais se os Estados Unidos e a União Européia diminuírem os subsídios da agricultura. "Não podemos trabalhar com eles no século 21 como se trabalhou no século 20", disse ele, no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário, no Palácio do Planalto. "Devem compreender que os países emergentes precisam ter a oportunidade de disputar com eles", ressaltou. "Não tem acordo." Foi a primeira manifestação pública de Lula desde o fracasso da reunião da OMC em Potsdam, Alemanha. Durante o encontro, Brasil e Índia não concordaram em reduzir em 50% suas tarifas de importação de bens industriais. Os Estados Unidos e os países europeus criticaram a posição dos dois emergentes de se retirar das negociações. Lula disse que, "no fundo", os países ricos queriam abrir o mercado de bens dos emergentes sem aceitar a abertura do mercado agrícola, setor em que as nações em desenvolvimento são mais competitivas. "Então, não tem negócio", afirmou. O presidente relatou que, numa conversa na sexta-feira passada por telefone, o então primeiro-ministro britânico, Tony Blair, tentou convencê-lo a aceitar os termos do acordo propostos por americanos e europeus. "O Tony Blair me ligou ponderando que, se o Brasil não aceitasse o coeficiente que eles iam propor para a indústria, não tinha acordo", contou. "Eu falei: então não tem acordo, porque, mais uma vez, vocês querem que os países emergentes, os países pobres, abram as suas porteiras e vocês lacrem as de vocês." Lula também relatou que, na conversa com Blair, disse que aceitaria viajar para qualquer lugar para discutir a retomada das negociações. A visita de Lula a Portugal, na próxima quarta-feira, inclui encontros com a chanceler alemã, Angela Merkel, o chefe de governo da Espanha, José Luiz Zapatero, e o presidente de Portugal, Cavaco Silva. "Mas, se eles não abrirem a agricultura, não tem mais conversa", avisou. A platéia, formada por representantes do agronegócio, aplaudiu. Pressão - Lula lembrou que os Estados Unidos queriam aumentar de US$ 15 bilhões para US$ 17 bilhões o limite de subsídios aos agricultores e o Brasil queria que esse limite ficasse em US$ 12 bilhões. Ele reclamou ainda da pressão dos países ricos para que os emergentes, como Brasil e Índia, abrissem seus mercados para produtos industrializados. O presidente disse que, como é do interesse do País ser competitivo no mercado mundial, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem permitido que os frigoríficos consigam investimento para competir no mercado externo. O banco deu apoio ao frigorífico Friboi para comparar a empresa americana Swift. O Brasil, segundo Lula, está em vias de construir o primeiro "carro verde". "Dia desses tive a notícia extraordinária de que a Braskem vai fabricar plástico a partir do álcool", disse ele. As informações são do O Estado de S. Paulo

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