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Mercado aquecido dá brilho extra a leilões de bovinos em SP

Por Camila Moreira
Atualização:

O mercado aquecido de bovinos, a escassez de animais para abate e os preços altos verificados atualmente dão um brilho extra aos leilões de animais e embriões em que a melhora genética é o maior objetivo dos pecuaristas. Indiferentes à briga por preços, os animais adquirem status de estrelas nas passarelas em que são observados para que sejam feitos os lances, com direito a iluminação especial, música e até chuva de papel picado. Foi esse o clima do leilão de embriões Brahman realizado na quarta-feira à noite na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), em São Paulo, num momento em que pecuaristas buscam bons materiais genéticos após um longo período de intenso abate de matrizes motivado por preços baixos. Atualmente, a situação é completamente diferente, e os criadores estão mais recuados nas vendas ao mesmo tempo em que a demanda está aquecida -- os preços da arroba do boi passaram de cerca de 57 reais há um ano para valores acima de 90 reais tanto no mercado à vista quanto no futuro. Ao mesmo tempo, os pecuaristas se mostram bastante atentos às melhores oportunidades na Feicorte. Enquanto o leiloeiro falava das qualidades das vacas doadoras e de seus filhotes já nascidos, os lances por um animal que ainda nem nasceu pulavam de 100 em 100 reais. A arrecadação total do leilão com 21 lotes foi de 453,6 mil reais, sendo que a estrela da noite foi Miss J4 Harmonia 201, cujo embrião foi arrematado por 83,2 mil reais. O aumento da arrecadação no leilão foi proporcional ao crescimento do valor da arroba. O mesmo leilão do ano passado arrecadou 235,9 mil reais, com 20 lotes. "Essa feira, sendo em São Paulo, que é um grande centro de negócios, age como um termômetro. O mercado explodiu, a carne dobrou de preço, o mercado de embriões vai aquecer também. O trabalho genético é para melhorar nosso gado comercial", explicou Pedro Fadel, produtor da Fazenda Brahman Conquista, do Paraná. Neste ano a Feicorte terá 19 leilões (bovinos, equinos e ovinos), contra 14 em 2007, e o espaço passou de 50 mil metros quadrados de área coberta para 70 mil metros quadrados, um reflexo do aquecimento do mercado. No ano passado, os negócios gerados atingiram 10 milhões de reais, e a expectativa dos organizadores é de que esse valor tenha um incremento de 15 a 20 por cento neste ano. Entretanto, há quem aposte em bem mais do que isso. "Do que jeito que o mercado está, calculo um aumento de 30 a 40 por cento no faturamento. A briga por fêmeas vai ser maior por causa do mercado", afirmou José Eduardo Matuck, diretor da Nova Leilões e que atua no setor há 27 anos. AVALIAÇÃO Os interesses em uma feira desse tipo variam muito. Nos leilões, podem ir de algo mais imediatista -- quando o comprador adquire o próprio animal -- a investimentos a longo prazo, como é o caso dos embriões. O mais importante, entretanto, é a possibilidade de fazer uma avaliação, tanto do mercado quanto da posição do próprio pecuarista. "Na feira, o primeiro objetivo é comparar seus animais com outros, saber como está a concorrência. O segundo ponto é o balizamento do mercado, saber se está em alta ou baixa", explicou André Zambrim, diretor do grupo Brahman-Ima, do Mato Grosso. O fato de a Feicorte acontecer em São Paulo, segundo ele, é um bom indicador também, já que participam da feira empresários, que são mais contidos do que os produtores natos. "Por ser em São Paulo, sabemos que é mais reservada em termos de preços do que outras feiras, porque aqui residem mais empresários. Se aqui explodir, lá fora vai explodir muito mais", completou ele. Outro ponto importante é a quantidade de criadores que a frequentam -- quanto mais decidirem fazer longas viagens vindos de Estados como Mato Grosso ou Goiás, mais aquecido o mercado está. "Se vêm muitas pessoas para cá, é um bom sinal. Porque os criadores não sairiam do interior, não trariam seus animais de longe, se não houvesse motivo", disse Zambrim.

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