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Mercado futuro ajuda a otimizar os resultados na comercialização

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar de aumentos expressivos da produtividade, a agricultura (dentro da porteira) brasileira necessita urgentemente aumentar a eficiência na comercialização, dada a tendência histórica de queda generalizada nos preços dos produtos agropecuários. Mas, afinal, quais alternativas um produtor rural tem para diminuir os riscos de preços na hora de vender sua safra? Ferramentas de comercialização: administração de riscos de preços Além do tradicional contato direto com o comprador da sua região - seja uma cooperativa, frigorífico, intermediário, trader etc -, há outras formas de comercialização ainda pouco exploradas pelos produtores brasileiros. Em pleno século 21, muitos já ouviram falar de "Mercados Futuros", mas as informações detalhadas sobre esses negócios ainda não são bem compreendidas. Em decorrência disso, obviamente, a confiança e a utilização desses mercados também são baixas. Neste texto, o objetivo é apresentar algumas informações sobre alternativas que o produtor pode usar para reduzir perdas na comercialização, com maior enfoque no "Mercado Futuro de derivativos agropecuários". Mercado a termo: ferramenta mais difundida O mercado a termo é uma importante alternativa de comercialização, uma vez que apresenta grande liquidez ao produtor. Trata-se de um mercado em que os contratos são negociados diretamente entre vendedor e comprador ou com o auxílio de intermediários - "dealers". Negocia-se neste mercado o contrato a termo, que é caracterizado por se efetuar a entrega, em uma data futura, a um preço previamente combinado, no momento do fechamento do negócio. Tanto a quantidade quanto a qualidade do produto são combinadas entre as partes - não há padronização de contratos. O pagamento pode ser efetuado de maneira adiantada. Entre as modalidades de contrato a termo, vale a pena citar CPR (Cédula do Produtor Rural), soja verde e a troca de insumo por produto. A liquidação desse tipo de contrato ocorre somente no vencimento e é realizada, repete-se, pela entrega do produto. Sua principal desvantagem é o risco de o contrato não ser honrado por uma das partes. Em outras palavras, nesse tipo de contrato permanece o risco de o agricultor, por exemplo, não querer entregar a produção ao preço combinado anteriormente caso tenha ocorrido altas das cotações. Por outro lado, um comprador pode não querer ficar com um produto contratado a valores mais altos do que o praticado no momento da entrega. Mercado futuro e os derivativos agropecuários O mercado futuro de commodities agropecuárias negocia contratos futuros de derivativos agropecuários que também são chamados de derivativos agropecuários, pois tais contratos derivam do produto no mercado físico. No caso da BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), bolsa responsável pelo mercado futuro de mercadorias e valores no Brasil, os contratos agropecuários movimentados são Soja, Milho, Algodão, Açúcar cristal especial, Álcool anidro, Café Arábica e Conillon, Boi gordo e Bezerro. A BM&F tem como responsabilidade regulamentar e garantir o funcionamento do "pregão", assim como fiscalizar e realizar os pagamento das transações envolvidas nos negócios concretizados na bolsa. Os preços negociados na BM&F refletem expectativas do mercado sobre a oferta e demanda de uma commodity, na época de vencimento do contrato. As cotações na BM&F têm como referência uma praça formadora de preços, como o caso de Campinas-SP, para o milho. O contrato futuro negociado pela BM&F consiste em uma obrigação legal de entregar ou receber uma mercadoria, por um preço ajustado em pregão da BM&F, para uma data futura de encerramento do contrato. Contudo, pode ser encerrado antes do vencimento através de reversão da posição (casos da soja, milho, café, entre outros) ou liquidação financeira através de indicadores de preços, como é o caso do Indicador ESALQ/BM&F, para o Boi Gordo, elaborado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq-USP. Mercado futuro protege contra oscilação de preços Produtores de milho podem lançar mão do mercado futuro como alternativa para a minimização de incertezas de preços. A maneira mais usual para travar ou garantir a margem de lucro é a operação de "hedge de preços". Uma possibilidade é o produtor entrar na bolsa assumindo posição vendida e encerrá-la em posição comprada, zerando sua posição. Da mesma forma, uma agroindústria entra na bolsa, para garantir preços de matéria-prima - milho, por exemplo - assumindo posição comprada. Para encerrar sua posição, deve vender um contrato com as mesmas especificações e para o mesmo vencimento que o contrato inicialmente adquirido. Estando protegido pelo "hedge", tanto o produtor, pensando no preço de venda de sua safra, como a indústria, atenta à aquisição de insumos industriais, irão garantir o preço esperado. Isso significa que uma eventual perda no mercado físico será compensada pelo recebimento de valor que mantenha o valor acertado anteriormente e vice-versa. Desta forma, o "hegde" é uma forma eficaz de garantir o preço esperado para a comercialização da produção. A utilização do hedge dá a possibilidade ao produtor de garantir sua margem de lucro. Essa margem pode ser garantida da seguinte forma. Primeiro, o produtor calcula tudo que gastou para produzir (insumos, administração, depreciação, entre outros) e também o que vai gastar com uma operação em bolsa. Terá, então, um custo por saca de milho, por exemplo. Neste momento, ele consulta os valores negociados na BM&F e calcula de o valor de venda oferecido lhe é vantajoso. Caso esteja acima dos custos totais, o produtor, pode então, vender no futuro e ficar com sua margem (receita menos custos) assegurada. Neste processo, porém, ele terá de depositar uma determinada quantia na Bolsa que será usada para o pagamento dos "ajustes" diários, caso seja preciso. Ajustes são as variações dos preços de um dia para o outro. Caso o preço fique abaixo do acertado na venda do produtor, ele receberá a diferença, afinal ele tem assegurada a venda por um determinado valor. Por outro lado, caso o preço (ajuste) do dia suba, o produtor terá de pagar a diferença - será sacada, então, do depósito que ele fez na BM&F. Novamente, vale o conceito: o preço está travado. Ainda que aumente no mercado físico, na Bolsa, o produtor receberá exatamente o combinado anteriormente. Além de travar preços, o produtor pode utilizar o mercado futuro na decisão entre a armazenagem e a venda imediata. A partir da comparação entre o preço futuro e o conjunto de custos formado pelos custos de armazenagem, operacionais e de quebra técnica, pela taxa de juros sobre o capital e pelo preço à vista, é possível decidir se é mais vantajoso vender logo ou armazenar à espera de melhores preços. Mercado de opções é alternativa de hedge Outra modalidade que também pode ser utilizada como ferramenta de administração de riscos de preços é o "Mercado de Opções", ainda com baixa liquidez no Brasil. Opção é um contrato que dá o direito ao titular ou comprador da opção de comprar ou vender um contrato no futuro. Este direito é obtido mediante o pagamento de um valor (prêmio) no momento da compra da opção, enquanto o lançador ou vendedor assume a obrigação, mediante o recebimento do prêmio, de comprar ou vender algo no futuro. A opção é um contrato que pode ou não ser exercido conforme convier ao seu comprador. Caso o preço de venda/compra estabelecido no contrato de opção seja vantajoso ao dono deste contrato em relação aos preços no mercado físico, o titular da opção usará o direito que foi adquirido na compra desse contrato e irá fazer valer o preço estabelecido pela opção. Vejamos um exemplo do uso de opções agropecuárias para um produtor de milho interessado em garantir determinado nível de preço para o grão. O produtor compra uma opção de venda e só irá exercê-la caso o preço no mercado físico esteja em um nível menor que o estabelecido no contrato de opção. Caso o preço vigente no mercado, na época de comercialização de seu produto, estiver mais interessante que o preço de exercício da opção, o produtor irá vender seu milho no físico, perdendo apenas o valor do prêmio. Antes de tomar a decisão entre a venda no físico ou no futuro, ou seja, de escolher entre a comercialização no mercado a termo ou na bolsa, o produtor deve se informar, através de uma corretora (www2.bmf.com.br/pages/portal/portal/associados1/associados1.asp) ou consultoria agropecuária, sobre os riscos, liquidez e custos de transação nos mercados futuro (corretagem e taxas pagas à bolsa) e a termo. A partir da análise de custos e ganhos obtidos pela utilização de cada ferramenta, o produtor estará apto a realizar sua escolha, de modo a otimizar seus resultados.8837 ou cepea@esalq.usp.br.

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