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Microsoft tenta recuperar crescimento

Resultados da maior empresa de software do mundo dariam inveja a muitas companhias, mas estão longe do auge das décadas de 80 e 90

Por The Seattle Times
Atualização:

Vinte e cinco anos depois de se tornar uma empresa de capital aberto, a Microsoft vê-se prisioneira do seu sucesso passado. A empresa continua a ampliar sua já expressiva receita, embora a um ritmo menos acelerado do que nos seus dias de glória, nas décadas de 80 e 90. A rentabilidade da Microsoft seria alvo de inveja para a maioria das empresas, mas as margens operacionais recuaram gradualmente no decorrer da maior parte da última década. Os investidores temem que as oportunidades desperdiçadas pela Microsoft no ramo dos smartphones e sua chegada tardia ao mercado dos tablets ameacem os carros-chefe da empresa - o sistema operacional Windows e o pacote de aplicativos Office, fontes da maior parte do seu valor. É difícil acreditar que eventuais apostas em novos ramos, independentemente de quais sejam, possam se mostrar mais lucrativas do que o Windows e o Office. Como resultado, o preço das ações da empresa se mostrou tão consistentemente subvalorizado no decorrer da última década que elas mais parecem bônus: deixaram de ser títulos procurados por jovens que esperam enriquecer, tornando-se papéis procurados por aposentados em busca de estabilidade. "Não há dúvida de que o valor atribuído à empresa revela uma baixa expectativa em relação ao seu crescimento", disse Sid Parakh, analista que acompanha a Microsoft para a corretora McAdams Wright Ragen, de Seattle. "Será que no futuro a empresa pode se tornar uma gigante em crescimento? Não lhe falta potencial, mas, para corresponder a ele, é preciso que seus executivos trabalhem duro." A empresa tinha grandes esperanças para a sua parceria com a Nokia no ramo dos smartphones, para os tablets equipados com o futuro sistema operacional Windows 8, e para o ramo dos aplicativos e serviços hospedados "na nuvem", como se diz. Na sequência de vários anúncios de importantes cisões corporativas (Laboratórios Abbott, McGraw-Hill, Sara Lee, Tyco), alguns investidores podem renovar os pedidos para que a Microsoft transforme em empresas distintas uma ou mais de suas divisões, ou mesmo para que se desmembre por completo. Mas, por mais que um desmembramento pudesse realizar parte do potencial de lucro - no segmento de ferramentas e de software para servidores, por exemplo, ou nas operações de software empresarial da Microsoft Dynamics -, a administração da empresa insiste que suas diferentes linhas de produtos sustentam umas às outras. Potencial. Além disso, um desmembramento não resolveria o problema da força que limita o preço das ações da Microsoft: as dúvidas quanto ao potencial do Windows e do Office de continuar a gerar lucros no seu ritmo histórico, ou quanto à capacidade da empresa de encontrar um grande produto sucessor que proporcione margens de lucro comparáveis. "Alguns investidores estão dizendo algo como, ‘Vocês dependem muito de duas atividades principais para garantir sua lucratividade operacional e, em uma destas atividades, estão começando a perder para a concorrência’", disse Parakh. Feitas raras exceções, as ações da Microsoft foram negociadas a preços na casa dos US$ 25 durante a maior parte dos últimos dez anos - um preço que está sem dúvida abaixo do verdadeiro valor da empresa. O Seattle Times usou métricas padronizadas de precificação para definir o valor da empresa e estimar qual a contribuição de cada um dos cinco segmentos operacionais da Microsoft para o seu valor total. A estimativa resultante foi de um valor total de US$ 399,3 bilhões para a empresa, o que implicaria um preço por ação de cerca de US$ 47 - bastante acima dos US$ 26,74 observados no fechamento do pregão na terça-feira. De acordo com a nossa análise, a divisão empresarial da Microsoft, que inclui o Office e o Dynamics, responde por mais da metade do valor total da empresa. A unidade Windows corresponde a mais de um quarto do valor, enquanto o segmento voltado para ferramentas e servidores contribui com 14%. Tudo o mais - o videogame Xbox, o mecanismo de buscas Bing, o MSN, o Windows Phone - contribui pouco para o valor da empresa. A análise do Seattle Times provavelmente exagera o valor da Microsoft porque toma como base o lucro e a receita operacional dos últimos quatro trimestres, ao passo que analistas profissionais e investidores usam as projeções de resultados financeiros futuros. Ainda assim, a maioria das análises externas estimam o preço justo das ações pouco acima dos US$ 30. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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