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Ministro admite retomar jazidas para baratear adubo

Por JONAS DA SILVA
Atualização:

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, admitiu na segunda-feira a hipótese de a União retomar de companhias privadas jazidas que contêm matérias-primas para produção de fertilizantes como alternativa para acelerar a fabricação dos insumos no Brasil e reduzir os preços. "Até se for necessário sim, se for necessário", afirmou o ministro a jornalistas em Cuiabá sobre a possibilidade de o Estado assumir o controle de áreas de exploração concedidas à iniciativa privada, levantada pelo governador de Mato Grosso Blairo Maggi, também grande produtor de soja, durante a assinatura de convênio do governo federal para reduzir desigualdades regionais. "O governo já se mexeu e está fazendo um levantamento em todo o Brasil de todas as jazidas que o país tem de fosfato e de potássio", revelou Maggi em discurso, referindo-se à conversa que teve com o ministro. "Para que o Brasil possa se utilizar de alguma lei e retirar das mãos delas (empresas privadas) e passar para as mãos de empresas nacionais ou de grupos que queiram implementar para fazer com que os fertilizantes voltem aos preços que eram há quatro meses atrás", afirmou. Segundo o ministro, a oferta dos insumos agrícolas é uma questão estratégica para o Brasil, mas que somente deve ser resolvida no médio e longo prazo. "Você não tem solução para a questão do adubo. Simplesmente não tem solução. A não ser que se viesse a subsidiar", avaliou Stephanes. Os valores dos fertilizantes subiram fortemente em todo o mundo, devido ao aumento da demanda com a expansão das áreas de cultivo, em meio a um cenário de incapacidade de elevação da oferta no curto prazo. O ministro disse que o Brasil terá condições de obter matérias-primas para produção de fertilizantes, no caso "dos nitrogenados em dois anos, com a exploração das minas de gás na Bacia de Santos". O Brasil importa 80 porcento do potássio consumido e 60 por cento do fósforo, informou Stephanes. A oferta de potássio, afirma, está dependente da exploração em Sergipe e o potencial futuro em outra jazida no Amazonas, a maior do país, mas que não é explorada por "algumas discussões ambientais e de viabilidade técnica". "É uma jazida muito grande que poderia abastecer quase todo o gasto brasileiro", afirmou. O governador de Mato Grosso afirmou que o impacto do custo do frete e dos adubos poderá levar a uma redução na área de cultivo no Estado na próxima safra. Maggi chegou a afirmar que poderia haver um recuo de até 10 por cento na área plantada. Analistas independentes, no entanto, apesar de reconhecerem a forte elevação dos custos, estimam que haverá crescimento do plantio. Eles afirmam, no entanto, que ele não virá no ritmo que seria desejável para suprir o aumento da demanda [ID:nN12309809]. Esse cenário, segundo ele, traz uma "conjuntura muita alinhada para um futuro de problema econômico como em 2005 e 2006". O governador, citando a situação de custos, pediu que o ministro auxilie o Estado a retirar "restrições que foram colocadas ao bioma amazônico", como a resolução do Conselho Monetário Nacional que impede a partir do dia 1o de julho que proprietários rurais no Estado recebam créditos de bancos por não estarem com licença ambiental em dia. Ele afirmou que Mato Grosso concorda com a "determinação do governo federal de ter redução do desmatamento", mas disse que a estrutura federal não tem condição de liberar a tempo licenciamento para os municípios.

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