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Montadoras de veículos seguem céticas, mesmo com apoio do governo

Recentes medidas do governo federal para incentivar a indústria automotiva são insuficientes para reverter o desempenho do setor nos próximos meses, segundo presidentes de montadoras. "Temos que atuar nos problemas estruturais para não ter que usar formulas de estimulo ao consumo momentâneo", disse o presidente da PSA Pegeout Citroen, Carlos Gomes, em evento no Rio de Janeiro. Desde junho, o governo adiou a alta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na compra de carros novos, flexibilizou regras de depósitos compulsórios de bancos e anunciou mudanças que darão maior garantia a credores em empréstimos, que podem ajudar o setor responsável por cerca de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Na semana passada, a Anfavea, associação das montadoras, anunciou que a produção de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus de janeiro a agosto caiu 18 por cento ante igual mês de 2013. As vendas diminuíram 9,7 por cento em igual base, refletindo a economia fraca a menor oferta de financiamentos. "Claro que a política de IPI não é suficiente. É para um momento de mercado. Temos que pensar em questões fundamentais e estruturais", afirmou o presidente da Nissan, François Dossa. O presidente da Anfavea, Luiz Moan, disse que as medidas de ampliação do crédito para o financiamento de veículos ainda não apareceram, mas espera uma reação do mercado até outubro. Segundo Moan, a perspectiva é que o estoque do setor encerre o ano perto de 30 dias, contra os atuais 42 dias. "O choque de liquidez só começou a ser operacionalizado na última semana de agosto. Em setembro e outubro veremos acontecer". A elevada carga tributária e complexidade do sistema de impostos no país foram apontados a como temas centrais que precisam ser combatidos para alavancar o setor e tornar o país mais competitivo internacionalmente. "Temos muito vilões que nos impedem de vender mais no Brasil. O primeiro é a carga tributária", disse Gomes. Esses problemas deixam o Brasil em desvantagem ante mercados como Turquia e México, que estão atraindo grandes multinacionais, disse Dossa, da Nissan.

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Por Redação
Atualização:

CRISE ARGENTINA

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Paralelamente aos problemas internos, as montadoras enfrentam os efeitos da crise da Argentina, um dos maiores parceiros comerciais do Brasil no setor.

O presidente da PSA, Carlos Gomes, afirmou que a produção nacional da montadora esse ano será menor que a do ano passado devido à crise no país vizinho.

O diretor da MAN Latin América, Marco Saltini espera que suas exportações para a Argentina caiam 40 por cento em relação a 2013, para 1.800 caminhões. "Se chegarmos a isso já podemos comemorar", disse.

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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