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Montadoras já somam 840 dias parados

Número se refere aos dias em que cada fábrica de 15 marcas suspendeu produção em 2015

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Apesar de todas as paralisações, estoques das montadoras seguiram elevados Foto: Hélvio Romero|Estadão

Ao longo de 2015, as montadoras tiveram a produção paralisada pelo equivalente a mais dois anos, na soma de dias em que cada fábrica de 15 marcas suspendeu as atividades em razão da fraca demanda por veículos novos. A conta total chega a 840 dias de paradas por férias coletivas, folgas e banco de horas (a ser compensado futuramente).

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O número não inclui dispensas parciais de pessoal, redução de atividades com medidas como lay-off (suspensão de contratos de trabalho) e as férias de fim de ano, que ainda estão sendo definidas e em muitas empresas serão mais longas do que em 2014. Nas fabricantes de caminhões Scania e Volvo, por exemplo, terão duas semanas mais que no ano anterior.

Os dados das paralisações foram obtidos com montadoras e sindicatos de metalúrgicos. Apenas quatro fabricantes, BMW, Hyundai, Honda e Toyota não adotaram medidas de corte de produção durante o ano. Nas demais, o período de paradas é variado. No caso da Mercedes-Benz, só a fábrica de caminhões em São Bernardo do Campo (SP) contabiliza o equivalente a quatro meses de produção interrompida.

As quatro principais montadoras de automóveis, que têm maior número de fábricas e grande atuação no segmento de carros compactos – o mais afetado pela crise –, suspenderam a produção mais vezes que as demais. Na Ford, foram quase cinco meses nas unidades de automóveis e de caminhões no ABC paulista. A General Motors parou as linhas de montagem por 4,5 meses na soma das plantas de São Caetano do Sul, São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS).

Em São Bernardo, Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR), as fábricas da Volkswagen pararam por cerca de quatro meses. Já na Fiat, em Betim (MG), a produção foi suspensa por 1,5 mês.

Mesmo com todas as paralisações, os estoques seguiram elevados. Durante o ano inteiro os pátios de fábricas e revendas mantiveram carros e caminhões suficientes para cerca de 50 dias de vendas, quando o normal são 30 dias. O setor opera com metade de sua capacidade produtiva e a produção esperada para 2015, de 2,4 milhões de unidades, voltará aos níveis de nove anos atrás.

Cenário. As perspectivas para 2016 não são animadoras, em razão das previsões de uma economia ainda fraca. A expectativa do economista da Tendências Consultoria Rodrigo Baggi é de uma nova queda de 3,5% na produção de veículos no próximo ano, depois de um recuo acima de 20% esperado para este ano. “O próximo ano continuará bastante difícil para a atividade automotiva e a trajetória para os empregos também seguirá ruim”, avalia.

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A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) projeta nova queda de 5% nas vendas totais no próximo ano. “A falta de confiança do consumidor está gritante”, diz o presidente da entidade, Alarico Assumpção. Ele teme que questões políticas continuem deteriorando o já baixo desempenho econômico, como ocorre atualmente.

“O quadro nesse momento é absolutamente incerto para projeções de 2016 em razão da crise política que tem contaminado bastante a economia brasileira”, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. “Enquanto não tiver o ajuste fiscal, dificilmente haverá um nível de confiança que leve os consumidores de novo às compras.”

Na opinião de Baggi, uma melhora no mercado só deverá ocorrer a partir de 2017, mas por efeito de comparação com os três anos anteriores e não por recuperação efetiva do mercado. Um crescimento mais sustentável, ainda que lento, só virá em 2018 e 2019.