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Moody’s ameaça rebaixar nota da Petrobrás pela 2º vez em 2 meses

Segundo a agência, a revisão demonstra a preocupação com os riscos de liquidez da companhia que podem aumentar caso seu balanço não seja divulgado

Por Fernanda Nunes
Atualização:

RIO DE JANEIRO - Em um intervalo de 20 dias, a agência de classificação de risco Moody’s deu o segundo sinal de que o rebaixamento da nota da Petrobrás, nesta quarta-feira, 24, em Baa2, é iminente. Se a empresa cair para o degrau inferior, Baa3, ainda assim não perde o grau de investimento, mas estará no último patamar dessa classificação. O primeiro sinal veio no dia 3, quando a agência rebaixou a nota que mede a gestão da estatal sem o suporte do governo. Terça, a Moody’s colocou o rating da petroleira em revisão para possível rebaixamento. Segundo a agência, a revisão demonstra a preocupação com os riscos de liquidez da estatal que podem aumentar caso não divulgue seu balanço financeiro do terceiro trimestre auditado nos próximos três meses. “A cada dia que passa, aumenta o risco de rebaixamento. É uma possibilidade grande”, disse a analista sênior de crédito da Moody’s Nymia Almeida. No fim de outubro a agência já havia rebaixado a nota da Petrobrás, por considerar que o seu caixa estava sendo prejudicado pelo câmbio e também pela incapacidade de reajustar os preços dos combustíveis, enquanto, no mercado internacional, as cotações só subiam. Agora, a preocupação é com a antecipação do pagamento de dívidas, por causa do atraso da divulgação do balanço auditado. A Petrobrás terá que negociar contratos com bancos que, para liberar o dinheiro, estabeleceram datas limites para terem acesso às informações sobre o caixa da empresa. Apenas nos próximos dois meses, há US$ 17,6 bilhões de dívidas que poderão ser antecipadas. E, ao fim do primeiro semestre, a soma chega US$ 97,8 bilhões.Estagnada. Enquanto se acumulam as denúncias de superfaturamento de projetos, como investigado pela Polícia Federal, a Petrobrás permanece estagnada, sem conseguir mensurar o tamanho do estrago no seu patrimônio. Assim, qualquer número que seja divulgado pode ser revisado a qualquer momento. O cenário é de insegurança, diz Nymia. “Se sair como a empresa quer que saia, com as demonstrações auditadas, o rating deve ser estabilizado. Mas a perspectiva maior é que as coisas não funcionem assim tão facilmente, por causa da proporção da Operação Lava Jato (da PF) e da dificuldade de revisar os números”, destaca a analista. Para aliviar o caixa e não ficar dependente de captações, que sairiam mais caras neste momento de crise, a Petrobrás pretende adiar investimentos. Mas a análise de Nymia é que, no curto prazo pelo menos, esse plano não seja de tão fácil execução. Ela lembra que boa parte dos contratos de aquisição de equipamentos e serviços para o próximo ano já estão fechado e que, com isso, há pouca flexibilidade de negociação. Reduções de gastos, em sua opinião, só serão possíveis em 2016. Ainda assim, a previsão é que o grau de investimento, selo que mantém as ações da Petrobrás no grupo das mais atrativas do mercado, seja mantido num primeiro momento. Mas, no médio prazo, afirmou Nymia, “é maior o risco” de perder o grau de investimento. Procurada, a Petrobrás disse que não comentaria. O Planalto informou que “quem responde pela Petrobrás é a Petrobrás”.

Para entender. A decisão da Moodys’s foi o passo mais importante dado pela agência de classificação de risco para rebaixar novamente a nota da Petrobrás. Se o corte na for confirmado, o rating da Petrobrás passa para Baa3 – a empresa ainda manteria o grau de investimento, que permite maior acesso a crédito de grandes investidores internacionais. A Moody’s sinaliza, há alguns meses, um mau humor com a gestão da empresa. Em outubro, a agência rebaixou o rating da empresa, de Baa1 para Baa2 por causa de uma piora nos indicadores financeiros, pressionados pela desvalorização cambial e, no início deste mês, reduziu quesitos individuais da companhia, como a nota que mede a gestão da estatal sem o suporte do governo.

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