21 de outubro de 2014 | 18h56
A Moody's também manteve a perspectiva negativa para estatal, o que indica que a nota pode ser novamente rebaixada, por considerar a probabilidade de que o endividamento da empresa suba por conta dos preços internacionais do petróleo baixos e da flexibilidade limitada para reduzir custos.
"Embora a Petrobras tenha sido relativamente bem-sucedida na execução do seu ambicioso programa de capital e entregue agressivas metas de produção, a alavancagem continua a crescer em 2014, principalmente pela sua incapacidade de repassar os custos relacionados com derivados de petróleo importados...", disse a vice-presidente do Escritório de Crédito da Moody's Nymia Almeida, em nota.
A alavancagem também tem crescido por conta da desvalorização do real ante o dólar e do "agressivo programa de investimento" da estatal, disse a Moody's.
A agência acredita que a alta alavancagem deve recuar de forma significativa somente bem depois de 2016.
Apesar do rebaixamento, a Petrobras mantém o grau de investimento, importante para garantir a capitação de recursos por um custo mais baixo.
A agência assinalou que, até 30 de junho, a dívida da Petrobras (Moody's ajustado) alcançou 170 bilhões de dólares, um aumento de 25 bilhões de dólares ante dezembro de 2013, principalmente como consequência do câmbio e perdas relacionadas à diferença entre os preços internacionais e locais da gasolina e diesel, além do financiamento para as despesas de capital.
A incapacidade da empresa para aumentar os preços locais dos derivados de petróleo vis-a-vis os preços internacionais, por conta de controle exercido pelo sócio controlador, o governo, tem provocado grandes prejuízos na área de Abastecimento, notou a agência.
"O governo impediu aumentos nos derivados de petróleo a fim de controlar a inflação", frisou.
Os atuais preços internacionais dos derivados de petróleo, se sustentados a médio prazo, diante da maior oferta global da commodity, serão benéficos para os negócios de Abastecimento da Petrobras, disse a Moody's, na medida em que isso reduz a defasagem de preços entre as cotações no exterior e as de venda no mercado interno.
No entanto, continuou a agência, preços mais baixos do petróleo afetam negativamente a operação de produção da companhia, num momento em que a Petrobras tem elevado a sua extração e tem meta de atingir crescimento de 7,5 por cento (1 ponto para mais ou para menos) no bombeamento anual de petróleo.
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